Festival Porta-Jazz
7 a 9 Fevereiro
Teatro Rivoli | Porto
Ao longo de três intensos dias com programação à tarde e noite, o Teatro Rivoli recebe a 10ª edição do
Festival Porta-Jazz.
Promovido pela
Associação Porta-Jazz, que ao longo de 10 anos tem primado por uma forte e ininterrupta programação, este Festival é o reflexo de um movimento maior que é esta plataforma de incentivo à criação e divulgação do Jazz
Em diferentes espaços deste centenário Teatro – Grande Auditório, Pequeno Auditório, Sub Palco, Palco GA, Foyer e Café-Concerto – decorrem concertos, parcerias entre músicos nacionais e internacionais, apresentações de discos, concertos comentados, residências, encontros de escolas de Jazz, masterclasses e jam sessions, num total de 22 propostas. Integram esta edição músicos de 12 nacionalidades e há 5 estreias ao vivo.
Da programação faz parte o concerto Celebration do grupo Coreto que também comemora o seu 10º aniversário, a apresentação do projeto Impermanence de Susana Santos Silva com o novo disco, The Ocean Inside a Stone, assim como o novo álbum de João Mortágua, Dentro da Janela, as atuações do trompetista Peter Evans, referência do jazz experimental, que partilha o palco com a Orquestra Jazz de Matosinhos, o concerto do projeto MAU liderado pelo contrabaixista Miguel Ângelo, com o disco de estreia Utopia, o concerto de Jeffery Davis Quinteto no qual o vibrafone é usado de forma inovadora em contexto de ensemble e de composição, o compositor e trompetista espanhol Ricardo Formoso que apresenta o seu segundo projecto de originais, Implosão.
O Festival conta também com a presença dos músicos e seus projetos: João Grilo e Miguel C. Tavares, Jim Hart e Alfred Vogel, Ricardo Coelho com Frederico Heliodoro, A Incerteza do Trio Certo, Pedro Neves Trio, Hugo Carvalhais com Liudas Mockunas, e as parcerias da Porta-Jazz com a AMR e com o Bezau Beatz Festival através do agrupamento Blechbaragge.
Programação
Dia 7 | 21h30
João Grilo e Miguel C. Tavares (PT, NO, DK) | HVIT
João Grilo, composição e piano
Simon Olderskog Albersten, bateria
Christian Meaas Svendsen, contrabaixo
José Soares, saxofone
Miguel C. Tavares, vídeo
A relação entre a música e as outras formas de arte tem sido aprofundada no projeto Porta-Jazz/Guimarães Jazz, desenvolvido através de uma residência artística com criadores de várias áreas. Já houve encontros da música com o teatro e a dança, por exemplo, cabendo agora ao vídeo entrar em cena. Nesta edição do Festival Porta-Jazz, pode-se assistir à combinação do compositor e pianista João Grilo e do artista visual Miguel C. Tavares, a quem se juntam dois músicos noruegueses de prestígio internacional: o baterista Simon Olderskog Albertsen e o contrabaixista Christian Meaas Svendsen. É, por isso, uma conversa entre a música e as imagens, sem definição de protagonistas ou atores secundários, num balanço constante entre o urbano e o natural, o movimento e a quietude, o abstrato e o real. O fio desta navalha tem tanto de narrativo como de arbitrário, criando um espetáculo envolvente que baralha as pistas para revelar algo de novo.
Dia 7 | 22h30
Coreto Porta-Jazz (PT) | Celebration
João Pedro Brandão, saxofone alto, flauta,
José Pedro Coelho, saxofone tenor
Hugo Ciríaco, saxofone tenor
Rui Teixeira, saxofone barítono
Susana Santos Silva, trompete
Ricardo Formoso, trompete
Daniel Dias, trombone
Andreia Santos, trombone
AP, Guitarra
Hugo Raro, piano
José Carlos Barbosa, contrabaixo
José Marrucho, bateria
Um dos mais importantes grupos de jazz em Portugal dá pelo nome de Coreto Porta-Jazz. Foi criado em 2010 por João Pedro Brandão e teve em 2012 o seu primeiro registo, Aljamia, sucedido por Mergulho, Sem Chão e Analog. Pode dizer-se que é um laboratório de composição, tanto de João Pedro Brandão como de uma série de outros músicos do Porto, dentro do ensemble (AP, Susana Santos Silva, José Pedro Coelho, Rui Teixeira) e fora dele (Nuno Trocado, João Guimarães, Filipe Lopes, Tomás Marques, Paulo Perfeito). Mas também houve lugar para colaborações internacionais, podendo-se referir os nomes de Torbjorn Zetterberg e Ohad Talmor, tanto enquanto intérpretes como compositores.
Sendo esta a décima edição do Festival Porta-Jazz e o décimo aniversário do Coreto, esta atuação é também a celebração de uma década de serviços musicais, revisitando algumas das mais fortes composições escritas para este grupo, com 12 músicos em palco. É uma excelente forma de festejar a cumplicidade entre estas duas entidades, uma vez que o Coreto é o ensemble residente da Associação Porta-Jazz e presença assídua no festival.
@ Minima
Dia 7 | 23h30
Jim Hart / Alfred Vogel (UK, AT) | Come Rain Come Shine
Jim Hart, vibrafone
Alfred Vogel, bateria
É possível fazer um álbum memorável em dois dias? Jim Hart e Alfred Vogel acharam que sim e puseram-se a desafiar a meteorologia que os rodeava com boa música. Aliás, as referências meteorológicas são mais do que muitas, desde o título do álbum,
Come Rain Come Shine, aos nomes dos próprios temas. Fica então esclarecido que fazer música sobre o tempo é tão fértil como fazer conversa sobre o tempo, principalmente se estivermos em Abril. Porém, é preciso ter em conta que se está perante dois músicos talentosos, com provas mais do que dadas em todo o mundo. Jim Hart é um reconhecido vibrafonista e Alfred Vogel tem-se notabilizado na bateria, estando este último também no Festival Porta-Jazz com os Blechbaragge. Espere-se, então, por um cheirinho de Abril em Janeiro e pela revelação de que um britânico e um austríaco podem entender-se musicalmente, desde que o aquecedor esteja ligado e haja bebidas quentes por perto.
Dia 8 | 15h00
Falar de ouvido | Concerto comentado por João Grilo
Para que o jazz deixe de ser um mistério, há um concerto comentado conduzido pelo pianista e compositor João Grilo. Vai esclarecer dúvidas, espantar fantasmas e explicar como se faz esta música única, mostrando o papel da improvisação, da composição, da interação e da intuição na sua feitura. Pelo caminho, fica-se a perceber melhor as diferenças em relação a outros géneros musicais, mas também os muitos pontos em comum, ajudando a aproximar o público deste tão falado, antigo e sempre em renovação jazz.
Dia 8 | 16h00
Ricardo Coelho, feat. Frederico Heliodoro (PT, BR) | PULSE!
Ricardo Coelho, vibrafone e composição
José Diogo Martins, piano/teclados
Mané Fernandes, guitarra/eletrónica
Frederico Heliodoro, contrabaixo
Diogo Alexandre, bateria
PULSE! surge como uma resposta criativa ao convite com carta branca dirigido a Ricardo Coelho pela Associação Porta Jazz no âmbito do seu 10º Festival.
Trata-se de um quinteto formado por este vibrafonista portuense, o prestigiado baixista brasileiro Frederico Heliodoro e os inconfundíveis Mané Fernandes (guitarra/eletrónica), José Diogo Martins (piano/teclados) e Diogo Alexandre (bateria). Um elenco admirável que irá revelar novas composições de Ricardo Coelho e mostrar mais uma faceta de um dos músicos mais versáteis da sua geração. Falamos de alguém cujo currículo enumera colaborações com nomes tão díspares como MINA, Capicua, Jafumega, EduMundo ou The Mantra of the pHat Lotus, sem esquecer o seu próprio trio e o grupo THE FOUNDATION. Resumindo, jazz, música improvisada, hip hop e world music na mesma linha e na mesma pessoa. Não seria de esperar outra coisa de um criador que começou a tocar piano aos quatro anos, passou pela bateria e afirmou-se, por fim, no vibrafone. Por este andar, o mais provável é esta história não ficar por aqui!
Dia 8 | 17h00
A Incerteza do Trio Certo (PT)
AP, guitarra e composição
Diogo Dinis, contrabaixo
Miguel Sampaio, bateria
Os elementos deste trio dizem que fazem música pela música e com metade do cérebro desligado. Deixam, por isso, um hemisfério a voar em liberdade e o outro a pairar sobre a racionalidade, que é uma forma de dizer que há tanto de escrito como de improvisado nos temas deste grupo. É um colectivo formado pelo guitarrista António Pedro Saramago (AP), o contrabaixista Diogo Dinis e o baterista Miguel Sampaio. Um portuense, um ovarense e um minhoto às voltas com essa coisa da cumplicidade, sentimento tão digno numa mesa de café como numa sala de ensaios. Decidiram pôr tudo em jogo, atirar-se a sessões de deriva com bússolas afinadas, para dali sair com um conjunto de temas improváveis. Valeu de tudo como ponto de partida, desde ideias rítmicas à exploração de cores, sem esquecer alguns indícios de groove ou melodias por resgatar. Mas sempre numa perspetiva heraclitiana, isto é, sem alguma vez tocar os temas duas vezes da mesma forma, pelo que será de contar com o inesperado na forma como vão abordar as suas composições no festival Porta-Jazz. Um trio sem certezas, com certeza.
Dia 8 | 18h15
Pedro Neves Trio (PT) | Murmuration
Pedro Neves, piano
Miguel Ângelo, contrabaixo
Leandro Leonet, bateria
A inspiração para o novo álbum do Pedro Neves Trio veio do movimento dos pássaros em bando. A forma como estes mudam de direção, a elegância das manchas que criam na paisagem e a imprevisibilidade do seu voo foram boas referências para um grupo que procura sempre inovar e deixar em aberto cada novo segundo dos seus temas.
O trio liderado pelo pianista Pedro Neves vai já no seu terceiro registo, sempre com o Carimbo Porta-Jazz, e em todos eles tem recebido elogios de vários quadrantes, assim como convites para actuações nacionais e internacionais. Além do seu mentor, o grupo é formado por Miguel Ângelo (contrabaixo) e Leandro Leonet (bateria), exibindo com orgulho o facto de serem uma formação imutável ao longo desta sua década de existência.
Pedro Neves gravou também com Mariana Vergueiro e Bruno Macedo, integrando ainda o quarteto de Lucia Martinez. Além disso, colabora com a cantora Sónia Pinto, com quem recentemente lançou um álbum, editado pela alemã Mons Records.
Dia 8 | 19h15
Impermanence (PT, SE) | The Ocean Inside A Stone
Susana Santos Silva, trompete, tin whistle, voz, composições
João Pedro Brandão, saxofone alto, flauta, flautim, coro
Hugo Raro, piano, sintetizador, coro
Torbjörn Zetterberg, baixo eléctrico, voz, qraqeb
Marcos Cavaleiro, bateria
Sendo a mutação um elemento constante da vida, a notícia de um segundo álbum do colectivo Impermanence só podia ser recebida com naturalidade e júbilo em doses iguais. Naturalidade, porque algo tão bem-sucedido como a junção destes talentos só podia ter como consequência a sua continuidade, da mesma forma que o dia sucede à noite; Júbilo, porque até o que se toma como garantido na vida deve ser devidamente celebrado. E como o assunto é a impermanência, seria errado esperar uma repetição do álbum anterior. Este é, afinal de contas, um grupo que enaltece a mudança, liderado por Susana Santos Silva, uma trompetista que tudo tem feito para não cair em formalismos. Daí ter juntado uma constelação de mentes semelhantes, que são Hugo Raro (piano e sintetizador), João Pedro Brandão (saxofone alto e flauta), Torbjörn Zetterberg (baixo eléctrico) e Marcos Cavaleiro (bateria). Vêm ao Festival Porta-Jazz estrear este novo álbum, revelando sete novas composições e a vontade de criar um momento irrepetível. Coisas da inquietude, portanto.
@ Joana Linda
Dia 8 | 21h30
João Mortágua (PT) | Dentro da Janela
João Mortágua, saxofone alto e soprano, composição
José Pedro Coelho, saxofone tenor
Miguel Moreira, guitarra
José Carlos Barbosa, baixo
José Marrucho, bateria
Ao título do novo álbum de João Mortágua,
Dentro da Janela, associamos um ambiente sereno, feito de tardes refasteladas a apreciar a chuva lá fora. É de um conforto perante a criação musical que se está a falar aqui, vindo do lado certo da janela, a olhar para um exterior eventualmente menos confortável mas sempre inspirador. Esta paz com o mundo, e com a música, só poderia ser conseguida na companhia certa, aquela proporcionada por um grupo de amigos. A saber, José Pedro Coelho (saxofone tenor), Miguel Moreira (guitarra), José Carlos Barbosa (baixo) e José Marrucho (bateria). Curiosamente, quando se procura o novo álbum de João Mortágua no Brandcamp, surge também no ecrã um tema chamado “Toda Uma Vida Dentro de Um Quarto com a Janela Fechada”, do brasileiro Luden. Ora, considerações musicais à parte, esta coincidência acaba por chamar a atenção pelo seu contraste, porque a ideia sugerida por Mortágua é realmente outra, bem menos claustrofóbica. Não poderia, por isso, haver melhor ajuda do que esta para definir os novos temas do saxofonista portuense, um dos mais talentosos músicos (inter)nacionais.
@ Jorge Carmona / Antena 2
Dia 8 | 22h30
Peter Evans e Orquestra Jazz de Matosinhos (US, PT, ES, AR) | Perception Beyond Knowing
Direcção Musical: Pedro Guedes
Convidado: Peter Evans (compositor, trompete)
Madeiras: João Guimarães, João Pedro Brandão, Mário Santos, José Pedro Coelho, Rui Teixeira
Trompetes: Luís Macedo, Ricardo Formoso, Rogério Ribeiro, Javier Pereiro
Trombones: Daniel Dias, Álvaro Pinto, Paulo Perfeito, Gonçalo Dias
Secção Rítmica: Hugo Raro (piano), Demian Cabaud (contrabaixo), Marcos Cavaleiro (bateria)
Até se podiam chamar-lhe destino, mas a verdade é que Peter Evans e a Orquestra Jazz de Matosinhos voltam a reencontrar-se. O Festival Porta-Jazz é testemunha deste reatar de conversa, tendo como fio condutor uma mão cheia de composições do trompetista norte-americano e portador de um som único.
Figura maior do jazz mundial, volta a estar rodeado de uma big band de renome, com 22 anos de carreira e colaborações com grandes nomes, desde Chris Cheek a Carla Bley, que marca presença no festival onde já esteve nas primeiras edições, apoiando assim o movimento da Porta-Jazz além de fazer parte dele.
Esta actuação tem como título
Perception Beyond Knowing, nome de um tema do mais recente disco de Peter Evans, e dela constam novos arranjos para alguns dos seus registos, criados em várias épocas, a que se soma “I Want to Talk To You”, um standard de Billy Eckstein assombrado pela magnífica versão de John Coltrane. Uma ponte entre o jazz clássico e o contemporâneo, sem esquecer a música erudita.
Dia 9 | 16h00
Residencial AMR/Porta-Jazz (CH, PT)
Thomas Florin, piano
João Guimarães, saxofone
Benoît Gautier, contrabaixo
Acácio Salero, bateria
Se a cidade do Porto tem seis pontes (e uma nova a caminho, ao que se diz), nada mais natural do que uma associação desta cidade estabelecer ligações sólidas com congéneres de outros países. É o que a Associação Porta-Jazz tem feito com a reconhecida AMR, uma associação de músicos criada na década de 70 em Genebra. A equipa nacional é composta por João Guimarães (saxofone) e Acácio Salero (bateria), ficando o lado suíço a cargo de Benoît Gautier (contrabaixo) e Thomas Florin (piano). Estiveram juntos numa residência artística e cada músico será responsável por liderar 1/4 da proposta a apresentar neste Festival Porta-Jazz, num concerto seguramente inesquecível.
Esta é a quarta edição de uma parceria entre as duas associações, que começou com um intercâmbio de bandas e este ano ganha uma dimensão bem mais ambiciosa.
Dia 9 | 17h00
Blechbaragge (Bezau Beatz Festival) (AT)
Joe Bär, tuba
Andreas Broger, saxofone e clarinete
Alfred Vogel, bateria
Não há dúvida de que alguns projectos musicais deixam-nos com um sorriso nos lábios. Os Blechbaragge estão, definitivamente, nesse grupo. Têm um tom mordaz que nos eleva os níveis de dopamina, mesmo quando querem ser mauzinhos e entrar em sentido contrário na estrada da cacofonia. As explicações podem ser muitas, mas não há dúvida de que a conjugação de uma tuba, uma bateria e um saxofone (ou clarinete) dá, à partida, a garantia de se estar perante algo diferente. No entanto, o sentido de humor de Joe Bärr, Alfred Vogel e Andreas Broger é um trunfo imprescindível, notório tanto em estúdio como em palco. Só não convém acreditar em tudo o que dizem. Por exemplo, o facto de terem dado o título
We Play the March For You ao seu primeiro álbum não é, de todo, sinónimo de que nos vão tocar uma marcha. Um pequeno cuidado a ter para que tudo corra bem nesta sua vinda ao Festival Porta-Jazz, resultante da parceria com o Bezeau Beatz Festival.
Dia 9 | 18h15
MAU (PT) | Utopia
Miguel Ângelo, contrabaixo
Miguel Moreira, guitarra
Pedro Melo Alves, bateria
A palavra Utopia é central no trio MAU. A começar pelo nome, que por extenso dá Miguel Ângelo Utopia. Depois, pelo seu álbum de estreia, que se chama, precisamente, UTOPIA. Ora, esta é uma palavra com história e que a partir de Thomas More se tornou sinónima de fantasia, embora também possa ser encarada no sentido de realização futura, tendo em conta a sua origem grega. Pois bem, o Festival Porta-Jazz irá mostrar o somatório do contrabaixo de Miguel Ângelo, as guitarras de Miguel Moreira e a bateria de Pedro Melo Alves (gravada por Mário Costa no álbum), uma utopia em busca do tema perfeito, com tanto de improvisado como de escrito, guiada por regras meramente circunstanciais. Se filosoficamente tinha tudo para correr bem, na prática materializou-se ainda melhor, formando um arquipélago musical para onde se vai com os sentidos envoltos nos mistérios do caminho.
Nota: o Festival Porta-Jazz só se responsabiliza pela viagem sonora de ida, os planos de regresso ficarão ao critério de cada espetador.
@ Miguel Bento
Dia 9 | 19h15
Jeffery Davis Quinteto (PT, CA) | For Mad People Only
Jeferry Davis, vibrafone
Óscar Marcelino da Graça, piano
José Soares, saxofone alto e soprano
Nelson Cascais, contrabaixo
Marcos Cavaleiro, bateria
Traduzir a literatura de Hermann Hesse e Ernest Hemingway para a música? Pode parecer improvável, mas foi isso que o Jeffery Davis Quinteto fez. Funciona como uma espécie de transcrição em associação livre, com as notas musicais a fazer as vezes das letras e atribuindo o resto do serviço à imaginação. Mas essa foi apenas uma das missões deste agrupamento. Na verdade, foi criado por este músico para demonstrar que o vibrafone pode ser usado de forma inovadora num contexto de ensemble e de composição, enchendo o depósito com o necessário combustível harmónico e melódico. Foi, aliás, esse desígnio que o levou à escolha da formação, tendo seleccionado um conjunto de músicos com as características certas para obter o som que pretendia. Foi assim que, de entre as muitas figuras a quem podia telefonar, escolheu Óscar Marcelino da Graça (piano), José Soares (saxofone alto e soprano), Nelson Cascais (contrabaixo) e Marcos Cavaleiro (bateria). Uma formação com várias origens geográficas, desde Basel a Lisboa, Figueira de Foz e Aveiro, sem esquecer o Canadá (com muitos anos de estadia em Portugal) do músico anfitrião.
@ Filipa Carvalho
Dia 9 | 21h30
Hugo Carvalhais, feat. Liudas Mockunas (PT, LT) | Ascetica
Hugo Carvalhais, contrabaixo
Liudas Mockunas, sax soprano, sax tenor, clarinete
Fábio Almeida, sax tenor
Gabriel Neves, sax tenor
Ricardo Moreira, órgão hammond
João Martins, bateria
Ao ascetismo está associada a ideia de despojamento. Foi aí que Hugo Carvalhais encontrou uma fonte de inspiração para a sua sonoridade translúcida, feita de clareza e silêncio para uma audição sem tempo. É o epílogo perfeito para a viagem que o músico tem empreendido ao longo dos últimos tempos, materializada nos álbuns
Nebulosa, Partícula e
Grand Valis. São registos com um fundo espacial, e até com algumas referências à ficção científica, dando o mote certo para as suas rotas sonoras. Agora, nesta etapa contemplativa, o contrabaixista reuniu um sexteto para o qual convidou um amigo de longa data: o saxofonista lituano Liudas Mockunas, nome imprescindível na nova música improvisada europeia. Uma excelente altura para a estreia de Hugo Carvalhais no Festival Porta-Jazz.
Montagem Mariamonica
Dia 9| 22h30
Ricardo Formoso feat. Seamus Blake e Albert Bover (ES, CA, AR, PT) | Implosão
Ricardo Formoso, trompete, fliscorne e composição
Seamus Blake, saxofone tenor
Albert Bover, piano
Demian Cabaud, contrabaixo
Marcos Cavaleiro, bateria
O compositor e trompetista espanhol Ricardo Formoso vem ao Festival Porta-Jazz apresentar o seu segundo projecto de originais. O título é Implosão e sucede o muito bem recebido Origens, editado com o Carimbo Porta-Jazz, trazendo para o palco um verdadeiro mosaico de talentos e geografias. Está-se a falar de um quinteto formado pelo próprio Ricardo Formoso (trompete e fliscorne), pelo canadiano Seamus Blake (saxofone tenor), pelo catalão Albert Bover (piano), pelo argentino Demian Cabaud (contrabaixo) e pelo português Marcos Cavaleiro (bateria). Uns escolheram Portugal para viver, outros estão só de passagem, mas a verdade é que, entre si, formam uma bela amostra da história recente do jazz, com carreiras ligadas a figuras notáveis do meio, de várias gerações. É um privilégio vê-los reunidos em palco para dar vida aos temas de Ricardo Formoso, autor que já ultrapassou a fase das promessas para se tornar uma certeza no panorama mundial.
Dia 9| 23h30
ESMAE Jazz Ensemble + Jam Session