Monográfico Miguel Azguime 60º aniversário
Nuno Pinto, clarinete
Elsa Silva, piano
2019 – flauta e electrónicaTrabalhos da Madeira
2017 – marimba e electrónica
2009 – clarinete e electrónicaDescriptions de la Matière
2015 – piano e electrónica
Apresentação: João Almeida
Produção: Cristina do Carmo
Miguel Azguime | Nasceu em 1960 em Lisboa. Distinguido pela sua versatilidade e por possuir um vasto leque de recursos dentro do idioma contemporâneo, o seu universo musical reflecte uma abordagem que se baseia nas suas capacidades multifacetadas enquanto compositor, performer e poeta. Esta sua tridimensionalidade desafia concomitantemente uma certa visão quase mística da arte.
Os inícios do seu percurso musical são marcados pela participação em várias formações de jazz e improvisação, pelos estudos de flauta barroca e de percussão (com Catarina Latino e Gaston Sylvestre) e também pela participação em vários cursos de composição, por exemplo nos Cursos de Verão de Darmstadt; tendo também frequentado seminários com Emmanuel Nunes e estudado a título privado com Tristan Murail em Paris.
Um momento decisivo do seu percurso como criador ocorreu em 1982, e nasceu do contacto com o flautista Pierre-Yves Artaud (professor de Paula Azguime), que desenvolveu consideravelmente novas técnicas instrumentais na flauta e que activamente propiciou a composição de novas obras para flauta em colaboração estreita com os compositores. Este tipo de abordagem marcou fortemente o Miso Ensemble, um duo de flauta e percussão, criado por Paula e Miguel Azguime em 1985, que desde o início se distinguiu pela procura de uma outra forma de fazer música, pela procura de um outro som e timbre, de um outro tipo de organização sonora, através do uso de amplificação e de meios electrónicos. O Miso Ensemble construiu um percurso singular no panorama musical português que se evidencia pela originalidade dos programas apresentados em concerto e pela diversidade das obras criadas para o duo.
Deste período destacam-se peças como Une Aile Pourvu qu’Elle Soit du Cygne para piano de 1993; Yuan Zhi Yuan de 1997, encomenda da Fundação Oriente para 2 cantores solistas, grupo instrumental tradicional chinês e coro, obra que reflecte o interesse particular de Miguel Azguime pela filosofia milenar chinesa; “Para Lá dos Mares” conjunto de peças electroacústicas composta para o Pavilhão do Conhecimento dos Mares da Expo 98; De l’Étant qui le Nie para piano e electrónica em tempo real de 1998, encomenda do Ministério da Cultura.
Em 1995 desenvolveu também a Orquestra de Altifalantes, um projecto sem precedentes no panorama musical português e dedicado exclusivamente à interpretação da música electroacústica. Enquanto investigador tem trabalhado no âmbito do desenvolvimento da música por computador em tempo real, dando preleções e cursos neste campo.
Em 2003, juntamente com Paula Azguime, fundou o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa, uma plataforma de comunicação e base de dados online com informação detalhada sobre o património musical português do presente para o passado, incluindo documentos, edição e distribuição de partituras; projecto de utilidade pública que reflecte uma preocupação com a perenidade e o conhecimento do património musical português e que afirma ao mesmo tempo a defesa perseverante e interventiva da criação musical contemporânea e subjacentemente uma reflexão sobre o papel da Arte e do criador na nossa sociedade.