Libreto: Franceso Maria Piave sobre "The Corsair" de Byron
Estreia: (Trieste) Teatro Grande, 28 de Outubro de 1848
PersonagensCorrado
Giovanni
Medora
Gulnara
Eunuco
Escravo
Sahid
Selimo
AntecedentesEm 1844 na "Gazeta Musical" de Milão, Ricordi publicou alguns comentários pouco elogiosos acerca da ópera "Giovanna d’Arco" de Verdi – comentários que terão certamente desagradado ao compositor. A verdade é que data dessa ocasião o contrato assinado por Verdi com o editor Francesco Lucca, rival de Riccordi, para a composição de três óperas. Os termos desse contrato incluíam uma ópera para ser apresentada em Londres. Para esse espectáculo Verdi escolheu basear-se num poema de Byron, "O Corsário". Lucca terá achado uma ousadia um compositor italiano apresentar um tema baseado num poema de Byron ao público londrino, e sugeriu a Verdi basear-se antes num episódio de "Orlando Furioso" de Ariosto – sugestão que Verdi recusou peremptoriamente: para Londres escreveria "O Corsário"; e o libretista seria Piave.
Isto passava-se em finais de 1845.
Três meses mais tarde Verdi adoeceu gravemente tendo procurado as termas de Recoaro como forma de tratamento. Durante essa estadia teve a oportunidade de conhecer Andrea Maffei, um tradutor de Schiller e de Shakespeare, que o terá de alguma forma influenciado a pretender que a arte lírica que cultivava fosse um pouco mais do que uma mera aventura romântica. Desse convívio nasceriam as óperas "I Masnadieri" e "MacBeth" – a primeira apresentada pela primeira vez em Florença, a segunda em Londres.
Entretanto… o tempo passava, e o trabalho em "O Corsário" ia sendo sucessivamente adiado. Além de "I Masnadieri" e de "MacBeth", Verdi fez ainda a adaptação francesa de "I Lombardi" com o nome de "Jerusalém", antes de iniciar a escrita da ópera sobre o poema de Byron. No entanto, apesar de se ter manifestamente desinteressado do tema que defendera com tanta veemência, Verdi cumpriu o contrato assinado com Lucca.
A estreia de "O Corsário" teve lugar, não em Londres mas em Trieste, no dia 25 de Outubro de 1848.
1.º ActoO 1º acto passa-se numa ilha do Mar Egeu num reduto de piratas. Corrado, o capitão, é avisado por um mensageiro que a armada do paxá Sahid pretende atacá-los, e manda reunir o bando para se preparar para o combate. Depois Corrado vai despedir-se de Medora, sua amante, que tenta em vão convencê-lo a não fazer frente à forças inimigas: o corsário acredita que sairá vencedor, e o acto termina com os sons dos canhões que anunciam a largada dos navios.
2.º ActoO 2º acto passa-se no harém do paxá Sahid no porto turco de Corona. Gulnara, a favorita, lamenta a liberdade perdida, e exprime o seu ódio pelo seu senhor. Um eunuco vem chamá-la para o banquete que Sahid vai dar para comemorar a vitória sobre os corsários, que julga certa. Entoa-se uma prece a Alá que é interrompida pela chegada dum homem que diz ser um sobrevivente da batalha. Esse homem é Corrado, disfarçado, que vem seguido pelos outros piratas. Trava-se então uma luta dentro do palácio que parece favorável aos corsários. Só que, ao tentarem levar com eles todas as mulheres do harém, são apanhados desprevenidos pelos homens do paxá que os fazem prisioneiros. Então, apesar dos apelos das mulheres, Sahid condena Corrado a ser torturado até à morte.
3.º ActoO 3º acto inicia-se nos aposentos do paxá que suspeita do amor de Gulnara pelo corsário. Decide então desmascará-la pela astúcia falando do destino terrível que espera Corrado. Gulnara cai na armadilha e interfere em favor do corsário. Fá-lo com tanta veemência que o paxá fica louco de ciúmes despejando sobre ela a sua fúria. Ante as ameaças do tirano, Gulnara decide vingar-se, e vai procurar Corrado à sua cela declarando-lhe o seu amor, e dizendo que se ele matar o paxá poderão fugir juntos. Mas o corsário recusa.
É pois a própria Gulnara quem acaba por matar o paxá libertando em seguida Corrado e fugindo com ele.
O último quadro passa-se de novo na ilha dos corsários onde Medora está moribunda. Fora-lhe anunciada a morte de Corrado à mãos de Sahid, e ela decidira envenenar-se. Chegam Corrado e Gulnara que diz a Medora também amar o corsário. Medora morre nos braços de Corrado que, desesperado, se atira ao mar.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1997 – 23 de Fevereiro
2001 – 5 de Abril
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.