Letra Original:
La Fille de l'air (François-Joseph-Pierre-Agnès Méry)
Ma vie est faite de songes
Inconnus dans vos cités;
J’aime mieux leurs doux mensonges
Que vos tristes vérités.
Par mes ailes soutenue,
Je n’habite que la nue,
La terre m’est peu connue –
Un Dieu garde mon sommeil.
Toujours sereine et contente,
Je m’endors sous une tente
Qui se déploie éclatante
Comme un trône de vermeil.
Du haut du ciel, solitaire,
A l’aurore de mes ans,
J’ai pris en dédain la terre,
Où tous vos pas sont pesants.
Oh! Comme on est bien loin d’elle!
Je poursuis à tire d’aile
L’alouette et l’hirondelle
Aussi loin que je le veux:
Quand la nuit couvre le globe,
Aux étoiles je dérobe
Des franges d’or pour ma robe,
Des rubis pour mes cheveux.
Souvent, d’une aile timide,
Je m’abats sur les roseaux,
Tout prés d’une grotte humide
Où dorment des fraîches eaux.
Le doux bruit de la fontaine
A mon oreille incertaine
Couvre la clameur lointaine
De vos palais soucieux,
Et par mes lèvres rosées
Votre campagne embrasée
Boit la divine rosée
Que je lui porte des cieux.
Tradução para Português:
A filha do ar (François-Joseph-Pierre-Agnès Méry)
A minha vida é feita de sonhos
Desconhecidos nas vossas cidades;
Eu prefiro as suas doces mentiras
Às vossas tristes verdades.
Por minhas asas sustida,
Eu não habito senão nas nuvens,
A terra me é pouco conhecida –
Um Deus vela o meu sono.
Sempre serena e contente,
Eu adormeço sob uma tenda
Que se mostra resplandecente
Como um trono de prata dourada.
Do alto do céu, solitária,
Na aurora dos meus anos,
Eu aprendi a desdenhar a terra
Onde todos os vossos passos são pesados.
Oh! Como se está bem longe dela!
Eu sigo a grande velocidade
Atrás da cotovia e da andorinha
Tão longe quanto eu quero:
Quando a noite cobre o globo,
Eu roubo às estrelas
Franjas de ouro para o meu vestido
E rubis para os meus cabelos.
Muitas vezes, com uma asa tímida,
Eu desço sobre os canaviais,
Muito perto de uma gruta húmida
Onde dormem frescas águas.
O doce ruído da fonte
Ao meu ouvido incerto
Cobre o clamor longínquo
De vossos palácios inquietos,
E pelos meus lábios rosados
A vossa terra abrasada
Bebe o divino orvalho
Que eu lhe levo dos céus.