Libreto
Giuseppe Maria Foppa
EstreiaTeatro San Moisè de Veneza no final de janeiro de 1813
Antecedentes e resumoAo terminar a abertura de "Il Signor Bruscchino" Rossini não resistiu em escrever – "Deus tenha misericórdia de sua alma". Podemos assumir com alguma segurança que esta frase foi escrita tendo em conta as famosas passagens na abertura nas quais os segundos violinos percutem as suas estantes com os arcos dos violinos. No entanto vale a pena ter em conta a critica que foi feita para o "Giornale Dipartimentale dell’ Adriático" do dia 30 de Janeiro de 1813, três dias após a estreia desta ópera no Teatro de San Moisè em Veneza:
"Apenas podemos dizer que é absolutamente incompreensível que um maestro possa ter criado uma abertura tão vazia e estéril, na qual os músicos – imaginem – são obrigados a bater com o arco na sua estante. (…) O trabalho é tão miserável que os músicos mais corajosos recusaram tocá-la na noite da estreia. Tudo isto nos leva a crer que esta nova técnica de utilização do arco do violino não trás nada de bom para os nossos pobres músicos."
Por esta critica apercebemo-nos que as premonições de Rossini eram fundamentadas.
"Il Signor Bruscchino" é, na realidade, a última de cinco comédias todas elas escritas para o Teatro de San Moisè: "La Cambiale di Matrimónio", "L’Inganno Felice", "La Scala di Seta" e "L’Occasione Fa il Ladro".
Como se pode imaginar, após a publicação desta crítica, a resposta por parte do público foi extremamente negativa, não só motivada por esta abertura, pouco convencional para a época, como também pela própria audiência.
O público veneziano estava habituado a comédias com enredos de alguma maneira mais simples. Aqui era confrontado com o libreto do poeta veneziano Giuseppe Foppa. Este baseava-se na farça francesa "Le fils par hazard" na qual um jovem rapaz oriundo de uma família abastada – Florville – se faz passar por outro, neste caso por filho de Bruscchino. Florville é movido pelo intuito de conquistar a mão de Sofia, protegida de Gaudenzio.
Até aqui, a história enquadra-se perfeitamente na estrutura da comédia clássica, mas Foppa vai mais longe: O jovem Florville consegue ainda convencer Gaudenzio que ele é realmente o filho de Bruscchino e, juntos, tentam convencer Bruscchino, tarefa nada fácil, de que ele é o pai de Florville. Como se não bastasse surge Marianna, a criada de Gaudenzio, bem como a chegada do verdadeiro filho de Bruscchino, mulherengo e jogador inveterado, dependente das dividas que contraiu junto do estalajadeiro, Filiberto.
Com todos estes ingredientes extras é fácil apercebermo-nos de como este libreto rompeu com todas as convenções da época.
Quanto a Rossini, esta foi uma ópera na qual ele se empenhou especialmente. Aliás, a estima de Rossini por esta ópera torna-se evidente se atendermos à reutilização do conteúdo musical desta ópera em vários cenas das suas óperas mais tardias.