Estreia1819 no Teatro de São Carlos em Nápoles
Antecedentes"Moisés e o Faraó" ou "A Travessia do Mar Vermelho" de Gioachino Rossini, uma ópera em 4 actos na versão francesa de Luigi Balocchi e Étienne de Jouy.
Tal como "O Cerco de Corinto" de 1826, "Moisés e o Faraó" pode ser visto como o abraçar da "Grand Ópera" por parte de Rossini, que vai ter o seu auge em Guilherme Tell. Grandes recursos corais e um grande ballet, tudo à medida dos franceses, sem que no entanto, se percam as características daquilo a que podemos chamar de música napolitana.
Para a versão de Paris da ópera de Rossini sobre Moisés, estreada a 26 de Março de 1827, o compositor reviu e reordenou toda a estrutura dramática e musical do seu "Moisés no Egipto" estreada em 1819 no Teatro de São Carlos em Nápoles.
Rossini adaptou assim a história de Moisés ao gosto francês da época e aos recursos da Ópera de Paris, bastante superiores ao do teatro napolitano. Tudo isso teve como resultado uma versão bem mais grandiosa e espectacular do que a original, contudo, com algum prejuízo a nível da sua frescura.
São totalmente novos apenas três números: a cena e quarteto ‘Dieu de la paix’ no primeiro acto, a cena e ária de Anaï ‘Quelle horrible destinée’ no quarto acto e o cântico final, raramente interpretado ‘Chantons, bénissons le Seigneur’.
A abertura da ópera e, no terceiro acto, a introdução e o ballet – este substancialmente novo – têm como base a sua Armida de 1817.
A revisão incluiu também alguns reordenamentos como por exemplo a transferência da cena das sombras que originalmente se encontrava no primeiro acto, para o inicio do segundo acto.
É também significativo o desmembramento do final do segundo acto. A morte do filho do Faraó é deixada para mais tarde e a ‘Porgi la destra amata’ de Elcia é transformada num apelo da mulher do Faraó ao seu amado filho. Os nomes das personagens sofrem também alterações.
ResumoA ópera começa com o lamento dos israelitas que se encontram sob o jugo opressivo dos egípcios. Eliézer (que na versão Italiana é Araão) descreve como ameaçou os egípcios com a ira de Deus. Mas foi a rainha do Egipto, Sinaïde, favorável à causa Israelita, que conseguiu persuadir o Faraó para que libertasse Anaï e sua mãe como prova de boa vontade.
Os israelitas são avisados do amor que Anaï sente pelo filho do Faraó, Aménofis, mas cedo se torna aparente que ela pretende abandonar o Egipto para fugir com o seu povo.
Aménofis está assim determinado a que os israelitas permaneçam no Egipto. Mas a sua intervenção apenas traz a desgraça para os egípcios, pois Moisés revoltado com a duplicidade destes, decreta que o país será imerso na escuridão.
Vamos assim dar inicio à transmissão do primeiro acto de "Moisés e o Faraó" de Rossini.
O segundo acto desta ópera começa com o Egipto submerso na mais profunda escuridão. Começa a famosa cena das Sombras. Os egípcios imploram ao Faraó para que resolva a crise. Assim o Faraó promete a Moisés que libertará o seu povo caso ele faça a luz voltar ao Egipto.
Moisés acede e o Faraó acerta o casamento de seu filho com a princesa da Assíria.
Aménofis, revoltado, é, na cena final deste acto, parcialmente acalmada por sua mãe, Sianaïs. No entanto ele jura vingar-se de Moisés.
No Terceiro acto os Egípcios organizam uma monumental cerimónia de acção de graças pela restituição da luz. Nesta cena os egípcios cantam e dançam em honra de Isis, numa grandiosa cena que inclui um ballet.
Durante a festividade, o Grande Sacerdote Osiride, numa atitude claramente provocatória, exige que israelitas prestem homenagem a Isis antes de partirem do Egipto. Moisés recusa-se.
Entretanto, a chama no altar de Isis apaga-se e ambas as partes reclamam para si o milagre.
No final do acto, o Faraó, cansado da disputa, expulsa os israelitas e decreta que estes devem sair do Egipto acorrentados.
Na primeira cena do último acto Aménofis e Anaï encontram-se no deserto. Ele receia que ao permitir que a jovem volte para o seu povo, Anaï o deixe de amar. Então diz-lhe que abdica do trono se esta ficar com ele. A sobrinha de Moisés reza para obter força moral para resistir a esta situação e decide seguir com o seu povo.
Enraivecido, Amenófis avisa-a de que o Faraó e o seu exercito vão em perseguição dos israelitas e que ele se vai juntar ao séquito de seu pai.
Entretanto, junto ao Mar Vermelho, Moisés lidera o seu povo numa oração para que o mar se abra e lhes permita atravessá-lo. Assim acontece. O mar divide-se em dois criando um corredor para que os israelitas o atravessem.
Ao verem isto os egípcios tentam também alcança-los mas depois dos israelitas atravessarem o mar, este fecha-se sobre o exército do Faráo que é engolido pelo mar em fúria, numa das cenas mais importantes desta ópera e pela qual ela é mais conhecida.
Depois de intenso postelúdio, a ópera acaba com o cântico ‘Chantons, bénissons le Seigneur’. Moisés e os Israelitas louvam o seu Deus.