LibretoCarlo Goldoni
EstreiaEsterháza a 3 de Agosto de 1777
AntecedentesQuando se pensa em Haydn, pensa-se logo nas sinfonias, nos quartetos de cordas, nas missas e oratórios e até nas suas obras para piano. Raramente se pensa em Haydn como compositor de ópera e se fizermos uma breve pesquisa pelas várias edições dedicadas à ópera, são raras aquelas que dedicam um espaço relevante a Joseph Haydn. Mas a verdade é que a produção operática em Haydn ocupou-lhe uma parte importante da sua vida, em particular no período entre 1776 e 1790 ao serviço dos Esterházy. Estes construíram dois teatros em Esterháza, tornando Haydn responsável pela programação musical. Aí apresentou óperas próprias e obras de compositores seus contemporâneos, chegando no seu auge, em 1786, a ter que assegurar 125 récitas de 17 óperas diferentes, oito das quais estreadas pela primeira vez.
Como Haydn não tinha em Esterháza um libertista residente com quem pudesse trabalhar, muitas vezes recorria a libretos antigos que conhecia através das obras de outros compositores. Um desses casos é O Mundo na Lua, de Carlo Goldoni, posto já em ópera por Baldassare Galuppi, Pedro António Avondano, Paisiello e Gennaro Astarita, tendo sido através deste ultimo que Haydn contactou com o libreto pela primeira vez.
Apresentada pela primeira vez em Esterháza a 3 de Agosto de 1777, O Mundo na Lua, de Haydn, serviu de espectáculo de entretenimento durante o casamento do segundo filho do príncipe Nicolau e é mesmo uma das primeiras óperas dedicadas aos Esterházy.
Nesta ópera, um falso astrólogo monta um engenhoso plano para iludir um nobre chamado Buonafede (Boa fé), fazendo-o acreditar que vai numa viagem até à lua. O objectivo é levar o nobre a autorizar um casamento triplo que acaba por se concretizar já no final da ópera, mas só depois de se ter desmascarado todo o plano e de Buonafede ter perdoado todos os envolvidos.
Resumo
Composta em 1777, esta ópera bufa é fruto do encontro de dois grandes criadores da história da arte: o dramaturgo italiano Carlo Goldoni, um dos maiores reformadores do teatro no século XVIII, responsável pela transformação e preservação da tradição teatral da Commedia Dell’Arte, e o compositor austríaco Joseph Haydn, mestre do classicismo vienense. O libreto do espetáculo foi escrito por Goldoni diretamente para a linguagem operística, contando a história de um falso astrólogo e de seu engenhoso plano para iludir um nobre senhor, levando-o à Lua. O enredo se adequa perfeitamente à música de grande brilho e leveza composta por Haydn, em que se alteram momentos de lirismo, virtuosismo e comicidade.
Todas estas características fizeram com que Il Mondo Della Luna fosse uma das primeiras óperas de Haydn a serem restauradas e resgatadas neste século, livrando-as de um injusto esquecimento. A produção do Núcleo de Ópera da FASM é a primeira audição nacional desta obra.
Características da Montagem As montagens do Núcleo têm como ponto de partida a crença de que seja possível desenvolver um espetáculo de grande fluência e de beleza sem recorrer necessariamente a cenários de extremo luxo ou recursos cenotécnicos especiais. A partir deste despojamento, da escolha de óperas de pequeno porte freqüentemente postas de lado pelas companhias tradicionais, e da ênfase do aspecto teatral no trabalho, tenta-se resgatar as raízes deste tipo de encenação musical-dramática que deve muito às trupes de clowns, bufões e a Commedia Dell’Arte. O cenário e o figurino são desenvolvidos por alunos dos cursos de Desenho de Moda e Artes Plásticas da faculdade.
O cenário tem estrutura modular que permite que a montagem possa ser apresentada em palcos de proporções diversas. Da mesma forma, a orquestra pode ou não estar em cena, e a interação desta com os cantores e atores está inserida no jogo dramático.