Antecedentes
D. Sebastião
Era neto do rei D. João III, tornando-se herdeiro do trono depois da morte do seu pai, o príncipe João de Portugal, duas semanas antes do seu nascimento, e rei com apenas três anos, em 1557. Em virtude de ser um herdeiro tão esperado para dar continuidade à Dinastia de Avis, ficou conhecido como O Desejado.
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;
(…)
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;
(…)
E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras, e do Oriente os marços
Os Lusíadas, A Dedicatória
Luís Vaz de Camões
Durante a sua infância, a regência foi assegurada primeiro pela sua avó, a rainha Catarina da Áustria, viúva de D. João III, e depois pelo tio-avô, o Cardeal D. Henrique de Évora. Durante esse período, para além da aquisição de Macau em 1557 e Damão em 1559, a expansão colonial foi interrompida. A premência era a conjugação de esforços para preservar, fortalecer e defender os territórios conquistados.
Durante a regência de D. Catarina e do cardeal D. Henrique e o curto reinado de D. Sebastião, a Igreja continuou a sua ascensão ao poder. A actividade legislativa centrou-se em assuntos do foro religioso, como por exemplo a consolidação da Inquisição e sua expansão até à Índia, a criação de novos bispados na metrópole e nas colónias. A única realização cultural importante foi o estabelecimento de uma nova universidade em Évora – e também aqui a influência religiosa se fez sentir, pois foi entregue aos Jesuítas.
Investiu-se muito na defesa militar dos territórios. Na rota para o Brasil e a Índia, os ataques dos piratas eram constantes e os muçulmanos ameaçavam as possessões em Marrocos, atacando Mazagão em 1562. Procurou-se assim proteger a marinha mercante e construir ou restaurar fortalezas ao longo do litoral.
Os bastiões no Norte de África, pouco interessantes em termos comerciais e estratégicos, eram autênticos sorvedouros de dinheiro, sendo necessário importar quase tudo, além do que, sujeitos a constantes ataques, custavam muito em armamento e homens. Assim, Filipe II viria prudentemente a devolver aos mouros Arzila, conquistada por D. Sebastião.
De facto, a preservação das praças em Marrocos devia-se sobretudo as questão de prestígio e tradição. No entanto, estas evidências pouco interessavam a D. Sebastião. Temerário até às raias da insensatez, a sua grande ambição era conquistar Marrocos.
O jovem rei cresceu educado por Jesuítas e tornou-se num adolescente de grande fervor religioso, que distribuía o seu tempo entre jejuns e caçadas. Rodeado de bajuladores, Sebastião desenvolveu uma personalidade mimada e teimosa.
Aos 14 anos, D. Sebastião assume a governação. De saúde débil e fraco de espírito, sonhava apenas com batalhas, conquistas e a expansão da Fé, dedicando pouco tempo à governação de tão vasto império, profundamente convicto de que seria o capitão de Cristo numa nova cruzada contra os mouros do Norte de África.
D. Sebastião começou a preparar a expedição contra os marroquinos da cidade de Fez. Filipe II de Espanha, seu tio, recusou participar naquilo que considerava uma loucura e adiou o casamento de Sebastião com uma das suas filhas para depois da campanha.
O exército português desembarcou em Marrocos em 1578 e, ignorando os conselhos dos seus generais, Sebastião rumou imediatamente para o interior. Tinha 24 anos de idade.
Na subsequente batalha de Alcácer-Quibir, o campo dos três reis, os portugueses sofreram uma derrota humilhante às mãos do sultão Ahmed Mohammed de Fez e perderam uma boa parte do seu exército. Quanto a Sebastião, provavelmente morreu na batalha ou foi morto depois desta terminar. Mas para o povo português de então o rei havia apenas desaparecido, nascendo assim o mito do sebastianismo. Este desastre teria as piores consequências para o país, colocando em perigo a sua independência. O resgate dos sobreviventes agravou ainda mais as dificuldades financeiras do país. Sem descendência para assegurar a coroa, a regência seria assumida pelo cardeal D. Henrique.
Em 1581, Filipe I de Portugal, mandou transladar para o Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa um corpo que alegava ser o do rei desaparecido, na esperança de acabar com o sebastianismo, o que não resultou, nem se pôde comprovar ser o corpo realmente o de Sebastião I. Tornou-se então numa lenda do grande patriota português – o "rei dormente" que iria regressar para ajudar Portugal nas suas horas mais sombrias.
Durante o subsequente domínio espanhol (1580-1640) da coroa portuguesa, três pretendentes afirmaram ser o rei D. Sebastião, tendo o último deles – o italiano Marco Tullio Catizone – sido enforcado em 1619.
Em conclusão, a dinastia de Avis, popular entre o povo após ter guiado Portugal à sua época de ouro, acabou por submergir na busca de um sonho: a União Peninsular. Diz-se que as mesmas complicações causadas pela consanguinidade foram a causa das mortes dos filhos de D. João III e de Catarina de Áustria, além da loucura e desespero dos seus netos Sebastião e Carlos, os últimos príncipes de Avis-Habsburgo.
Do Real ao Imaginado
O mito do sebastianismo foi fonte de muita inspiração para os escritores ao longo dos tempos, tendo chegado a Eugène Scribe, o principal libertista da Ópera de Paris durante os anos 30 e 40 do século XIX, através de um monumental drama de Paul Foucher, Dom Sébastien de Portugal, representado no Teatro de la Porte Sait-Martin em Paris, no mês de Novembro de 1838. A peça foi um estrondoso sucesso e Léon Pillet, o director da Ópera de Paris pediu a Scribe que preparasse um libreto para uma ópera de cinco actos sobre o tema. Inicialmente o libreto foi oferecido a Mendelssohn e a Meyerbeer, que nunca chegaram trabalhar no assunto – muito embora Meyerbeer tenha escrito nas suas memórias que lhe tinha sido feito um enorme desafio. Finalmente Leon Pillet apresentava o libreto a Donizetti em Dezembro de 1842 que começaria logo a pensar no assunto, mesmo antes de assinar o contrato que confirmaria o compromisso de Donizetti para com a Ópera de Paris. Em Julho de 1843, Donizetti escrevia ao seu professor, Giovanni Simone Mayr:
"Neste momento estou a escrever uma nova ópera em cinco actos para Paris. É D. Sebastiano di Portogallo – você vai reconhecer a história da mal fadada expedição organizada pelo rei contra os mouros, a perda do seu exército e a sua morte que ainda hoje permanece misteriosa. O assunto resume-se a isto. Vai ainda incluir o grande poeta Camões – a inquisição que trabalha secretamente para tornar Portugal num escravo de Espanha – um pouco de tudo na realidade."
Dom Sébastien, roi de Portugal
Este libreto, apesar de muito fantasioso, é claramente um grande desafio, mesmo para um compositor experimentado como Donizetti e a prova está nas dificuldades que teve que enfrentar, nesta sua última ópera parisiense. Como sempre Donizetti trabalhava em várias óperas ao mesmo tempo quando aceitou a encomenda de Dom Sebastien. Assim que recebeu o libreto do primeiro acto, no dia 1 de Fevereiro de 1843, começou imediatamente a trabalhar naquela que viria a ser a sua maior ópera. Em Junho desse ano começava a trabalhar nos 3º e 4º actos. No entanto, pelo menos ao princípio, Donizetti teve algumas questões quanto ao libreto de Scribe. Alegava que o libretista tinha descurado nas motivações das personagens principais o que poria em risco a efectividade do drama. Talvez por isso, durante os ensaios Donizetti submeteu a partitura a varias alterações o que levou a uma certa confusão sobre o resultado final. Uma dessas alterações foi sugerida pela estrela feminina do elenco Rosine Stolz, amante de Leon Pillet, o director da Ópera de Paris. Tanto ela como Scribe voltavam pela enésima vez a sugerir uma modificação, desta vez à última da hora, o que levou o já debilitado Donizetti a uma verdadeira crise de nervos. Nessa altura Donizetti começava a ressentir-se dos efeitos de uma infecção sifilítica avançada que o levaria à demência, à paralisia e à morte. Os próprios ensaios de D. Sebastião foram disso um exemplo: paranóia, ataques de fúria, esquecimentos súbitos, tremores, e explosivos ataques de mau génio. Donizetti esperava que a ópera fosse um verdadeiro triunfo na Ópera de Paris e a ansiedade que então o consumia deixava-o muito sensível à crítica e à maneira como era referido pelos seus colegas compositores. A estreia correu muito bem e a ópera foi bem recebida, no entanto não foi o triunfo que Donizetti esperava, provocando-lhe uma certa amargura. Foi então feita uma versão italiana – Don Sebastiano, re di Portogallo – que permaneceu nos palcos da pátria amada de Donizetti durante muito tempo.
Dom Sebastião foi a ultima ópera composta por Donizetti antes de ter sido violentamente atacado pela doença que lhe haveria de debilitar o sistema nervoso. O libreto de Eugène Scribe e tem como base a história de Portugal, embora bastante fantasiada. No centro desta história está o jovem D. Sebastião, rei de Portugal, e a sua decisão em seguir para Marrocos onde morrerá no campo de batalha. Outra personagem importante é Camões, que imortalizou os feitos dos portugueses na sua poesia, inspiração também para Scribe que lhe dá um destaque importante nesta ópera. Aos eventos narrados por Camões, Scribe acrescenta uma história de amor realçando assim os conflitos políticos, religiosos e raciais entre os vários protagonistas da ópera. Como cenários, Scribe escolhe, inevitavelmente, o campo de batalha de Marrocos, onde D. Sebastião perde a vida, um palácio marroquino, as ruas de Lisboa absolutamente apinhadas, de modo a representar uma das mais importantes e movimentadas cidades da altura, um tribunal da inquisição, e as masmorras na cave de um palácio português. A acção beneficia também dum enorme dinamismo resultante da interacção entre as várias personagens e grupos de personagens. Para além disto há ainda um toque a exotismo, uma procissão monumental, e a morte catastrófica dos dois amantes, o que torna este libreto dramaticamente muito intenso.
Resumo
I Acto
Lisboa
No porto de Lisboa, em frente ao paço da Ribeira, D. Sebastião, rei de Portugal, está a preparar uma nova cruzada contra os Mouros em África. Enquanto no porto se prepara com azáfama a expedição para Marrocos, ficamos a saber que nem toda a corte aprova as aventuras do rei. D. Sebastião chama o seu tio, D. António, e pede-lhe para governar Portugal até ao seu regresso. D. António não confia muito em D. Sebastião, nem muito menos na sua capacidade de governação, pelo que é com alguma satisfação que vê o poder, mesmo que momentaneamente, regressar às mãos de quem sabe governar o império – neste caso D. António pretende dividir o poder com o Grande Inquisidor D. Juam de Sylva. O que D. António não sabe é que D. Juam tem planos para entregar Portugal Filipe II de Espanha.
D. António vem acompanhado por um velho soldado que pretende falar com D. Sebastião. Apesar das tentativas de D. António em afastar o soldado, D. Sebastião presta-se a ouvir o homem. O soldado revela ser o poeta Camões que se oferece para acompanhar D. Sebastião na cruzada ao Norte de África. D. Sebastião aceita e Camões volta a dirigir-se ao rei. Desta vez aponta para uma procissão de Inquisidores que levam consigo uma condenada à morte. É Zayda, uma princesa marroquina, capturada e convertida que, num acesso de saudades, fugiu do convento onde estava. D. Sebastião sente pena da mulher e altera a pena para um exílio em Marrocos o que deixa os inquisidores muito incomodados.
D. Sebastião dirige agora as suas atenções para as embarcações e pede a Camões para perpetuar o momento com um poema. Quase profeticamente Camões fala das forças imensamente superiores que os esperam em África e exalta a coragem desses portugueses que mesmo assim não hesitam em partir. Nesse momento junta-se ao poema de Camões uma terrível tempestade que o poeta compara ás lágrimas vertidas pelas vidas que se vão perder. Alarmado com o caminho daquele poema, D. Sebastião interrompe Camões. A tempestade passa, o céu começa a ficar mais claro e hasteiam-se as bandeiras. Antes de partirem juntam-se todos numa oração. Todos menos D. Juam, cujas palavras são ambíguas, D. António que deseja que o sobrinho permaneça por muito tempo em África e os inquisidores que lançam um anátema pela desautorização real. D. Sebastião e os seus homens partem.
II Acto
Primeira Cena
Cena Palácio de Bem-Selim, Álcacer-Quibir, Marrocos – (Alcácer é segundo o dicionário da "Porto Editora" um palácio Mouro)
Chegada a Marrocos, Zayda é recebida no palácio do seu pai Bem-Selim, governador de Fez, que fica consternado com a recusa da filha em casar com Abayaldos, um líder militar marroquino que prepara um exército para vencer as forças portuguesas.
Segunda Cena
Campo de Batalha
Dá-se a batalha e os portugueses sofrem uma dura derrota. Ferido, D. Sebastião é salvo pelo comandante português D. Henrique de Sandoval que se apresenta a Abayaldos como sendo o monarca, antes de morrer por causa dos ferimentos. D. Sebastião desmaia e os outros portugueses são levados para cativeiro. Chega Zayda que reconhece D. Sebastião, desmaiado no campo de batalha. Ela reanima-o e começa a tratar dele. Diz-lhe que o ama e promete dedicar-lhe a vida. Para D. Sebastião, ainda confuso, ela é um anjo enviado para salvá-lo. Chegam Abayaldos e os seus homens. Zayda pede misericórdia por aquele português ferido (D. Sebastião). Ela alega ter sido salva pelo Cristão ali presente durante o seu cativeiro em Portugal e em troca diz aceitar casar-se com Abayaldos. D. Sebastião é deixado só no campo de batalha. Resta-lhe a consolação da devoção de Zayda.
III Acto
Paço da Ribeira, Lisboa
Primeira Cena
No paço da Ribeira em Lisboa, Dom Antonio recebe Abayaldos, agora como embaixador marroquino. Ao lado do embaixador está a sua mulher, Zayda de quem os portugueses já não se lembram. Quando são deixados sós, descobrimos que o casamento entre Abayaldos e Zayda é uma farsa. Abaylados sabe que não é amado e desconfia que Zayda o engana. Ela foi obrigada a vir até Lisboa apenas porque Abaylados é tão ciumento que jamais a deixará fora de vista.
O largo em frente à Sé de Lisboa está quase deserto. É aí que aparece Camões, ferido e com ar de mendigo. Ele lamenta a sua pátria e o seu estado de pura sobrevivência. Nesse momento passa por ali um destacamento. Um dos soldados reconhece Camões como um dos homens que seguiu com D. Sebastião para África. Depois, avisa o poeta de não o dizer em voz alta, pois o novo regente não gosta dos apoiantes do seu predecessor.
Por coincidência, a primeira pessoa a quem Camões pede uma esmola é D. Sebastião, também regressado a Lisboa e em não muito melhor forma. Quando se reconhecem-se cumprimentam-se calorosamente, mas são interrompidos pelo som de um funeral que se aproxima. Para seu espanto, D. Sebastião apercebe-se que assiste ao seu próprio funeral, numa encenação exuberante preparada pelo seu tio, D. António. Camões não se contem e começa a protestar. O grande inquisidor D. Juam de Sylva avança para ver o que se passa e manda prender Camões, mas D. Sebastião sai em sua defesa. A multidão fica espantada quando reconhece D. Sebastião. Contudo, entre os presentes está Abayldos que reconhecendo em D. Sebatião o homem que fora salvo por Zayda, diz ter enterrado o verdadeiro rei em Acacer-Quibir. Quando recupera do choque, D. Juam de Sylva denuncia D. Sebastião como um impostor. Ameaça-o com o poder da inquisição e leva-o arrastado na procissão. Camões desmaia.
IV Acto
Num subterrâneo do palácio do grande inquisidor, D. Sebastião é questionado por D. Juan de Sylva, recusando-se a responder às perguntas do grande inquisidor e denunciando a falta de legitimidade daquele tribunal.
D. Juam anuncia uma testemunha e aparece Zayda. Ela diz que quem morreu em Alcácer-Quibir foi D. Henrique de Sandoval e que D. Sebastião foi defacto salvo por uma mulher – ela própria. Nesse momento D. Juam reconhece-a como sendo a mulher que fora salva da pira por D. Sebastião. Ficam assim destruídas as hipóteses de Zayda convencer os restantes jurados. Abayaldos que estivera a ouvir estas declarações nos bastidores daquele tribunal aparece e acusa Zayda de adultério. Perante a acusação Zayda assume amar D. sebqstião. Por fim, D. Juan manda prender os dois, D. Sebastião e Zayda e condena-os à morte.
V Acto
Primeira Cena
Na Torre de Belém, D. Juan de Sylva está com o enviado da corte espanhola. Está cumprido o seu plano de entregar Portugal a Espanha e a Filipe II. Entra Zayda arrastada por um soldado. D. Juam diz-lhe que ela ainda pode salvar D. Sebastião. Como Zayda deseja mais que tudo salvar D. Sebastião aceita as incumbências de D. Juam de Sylva. Ela tem uma hora para que D. Sebastião assine um papel que o inquisidor lhe deu. Se ela não conseguir, D. Sebastião morrerá.
À medida que se aproxima da cela onde está D. Sebastião, Zayda vai-se alegrando com a possibilidade de poder salvá-lo. Quando se vêm abraçam-se e ela conta-lhe a conversa com o Grande Inquisidor. D. Sebastião resolve então ler o documento e fica atónito com o seu conteúdo. Assinando o documento abdica da coroa a favor do seu tio Filipe II de Espanha. Jamais poderá assinar algo tão ignominioso. Zayda concorda e quando ouvem o toque da hora, preparam-se para morrer.
Assim que entram os inquisidores, D. Sebastião muda de ideias e apressa-se a assinar o documento, mesmo perante os protestos de Zayda que ameaça atirar-se ao mar, D. Sebastião entrega o papel aos inquisidores. Depois destes saírem, Zayda desiludida com D. Sebastião, quer atirar-se ao Tejo. Eis que começam a ouvir uma canção que imediatamente reconhecem ser de Camões. Do lado de fora, numa barca, o poeta vem munido de uma corda para fugirem dali.
Segunda Cena
A cena passa-se agora no lado de fora da Torre. Zayda e Camões estão já a meio caminho da perigosa descida, seguidos de D. Sebastião. Entretanto aparecem na Torre D. António e Abayaldos. O mouro fica alarmado com a fuga, mas D. António diz-lhe que não se preocupe. Tudo isso faz parte do plano. Aparecem soldado na janela de onde fugiram os prisioneiros e cortam a corda fazendo cair D. Sebastião e Zayda ao mar, imediatamente arrastados pelas ondas. Camões que conseguira agarrar-se é alvejado pelos tiros dos guardas. Cai ao mar e é apanhado por um grupo de marinheiros que se encontravam no local. Em terra D. António declara-se rei no momento em que aparece D. Juan de Sylva que lhe mostra o documento assinado por D. Sebastião. Camões grita por D. Sebastião ao mesmo tempo que surge no horizonte a frota espanhola.