LibretoJacopo Ferretti
Estreiaem Roma no dia 24 de Fevereiro de 1821
AntecedentesMatilde di Shabran foi apresentada pela primeira vez em Roma no dia 24 de Fevereiro de 1821 e Rossini apresentava-a ao mundo como um Melodrama Jocoso. Pelas palavras de Rossini "Matilde di Shabran" deveria ser encarada como um obra com características da Ópera Buffa e características da Ópera Séria. Uma obra onde se misturariam elementos de comédia e de Pathos e que por esse motivo constituía um verdadeiro desafio quer para o compositor, quer para os intérpretes. Nesse sentido "Matilde di Shabran" é uma ópera especialmente bem conseguida, onde o pathos surge agregado a momentos de grande dramatismo mas que ao mesmo tempo está cheia de situações caricatas criadas pelas próprias personagens.
O libreto inicial de Giacomo Ferretti era muito complicado e Rossini percebeu imediatamente que isso poderia fazer arrastar a composição da ópera e até torna-la menos interessante. Então, Rossini recorreu à ajuda do compositor Giovanni Paccini que reorganizou a ópera em seis números, sendo que na versão final apresentada por Rossini em Nápoles, em Janeiro de 1822, ainda podíamos assistir a um dueto composto por Paccini.
A partir de Nápoles a ópera circulou pelo mundo inteiro, e acabava por ficar conhecida não só como "Matilde di Shabran", mas também como "Beleza e Coração de Ferro" e, em alguns países, como "Corradino", nome do personagem masculino que marca a acção. Esta ópera estaria assim em cena durante quase todo o século XIX nos principais teatros de ópera de todo o mundo. No entanto, após uma récita dada em Florença no ano de 1892, "Matilde di Shabran" iria ter que esperar mais de oitenta anos para poder voltara a ser encenada. Isso aconteceria em Génova, no ano de 1974. A partir daí a ópera só seria apresentada mais uma vez até 1996, ano em que o Festival de Pesaro a resgata de vez das estantes para os palcos. A versão que vamos ouvir foi apresentada neste festival no ano de 2004.
ResumoO enredo desta ópera é marcado sobretudo por duas personagens: a Jovem Matilde e o Tirano Corradino. No início da ópera, Corradino revela logo o seu temperamento intempestivo, mostrando-se contrariado com todos – especialmente com as mulheres e os poetas. Por ironia do destino vai ser mesmo uma mulher a tirá-lo do sério – uma jovem bela e decidida que dá pelo nome de Matilde e que demonstra saber bem o que quer. Surgem outras personagens: Isidoro, um poeta algo frustrado; Aliprando, o médico do Castelo; a Condessa d’Arco; e Eduardo, filho de Raimundo, Rival de Corradino e que acabara de conquistar um castelo nas vizinhanças. A Condessa d’Arco pretende casar-se com Corradino e não suporta a concorrência de Matilde, por isso lança-lhe uma suspeita, envolvendo Matilde com Eduardo. Depois de Corradino sentenciar Matilde com a morte, acaba por descobrir que esta era inocente arrependendo-se da maneira intempestiva com que a sentenciou à morte. No fim, tudo acaba bem quando Corradino descobre que afinal a sentença não se chegou a cumprir e que Matilde está bem viva.