Libreto: Sterbini segundo Beaumarchais
Estreia: Roma, Teatro Argentina, 20 de Fevereiro de 1816
PersonagensConde de almaviva
Don Bartolo
Rosina
Figaro
Don Basilio
Fiorello
Berta
Um oficial
O notário
AntecedentesEm 1809 o magnate Domenico Barbaia assumiu a direcção do Teatro de São Carlos de Nápoles, sendo o principal responsável pelo prestígio conseguido por aquela sala de espectáculos que se tornaria a mais reputada em toda a Europa. O Teatro de São Carlos de Nápoles sempre tivera uma programação de carácter conservador. Foi assim que a vinda de Gioacchino Rossini, em 1815, iria ser uma lufada de ar fresco. Essa vinda do compositor, então com 24 anos, ficou a dever-se precisamente a Domenico Barbaia. Para o Teatro de São Carlos de Nápoles Rossini escreveu, entre 1815 e 1822, 9 óperas dum total de 18. As outras 9 destinaram-se a outros teatros, já que o contrato assim o permitia. Entre estas 18 óperas escritas em Nápoles conta-se um dos maiores, se não o maior, sucesso do compositor. Estamos a falar de "O Barbeiro de Sevilha". O libreto é de Sterbini que se baseou numa comédia homónima de Beaumarchais. A estreia teve lugar em Roma em 1816.
1.º ActoA acção passa-se em Sevilha e a ópera inicia-se numa rua em frente da casa de Don Bartolo, que tem a tutela da muito rica Rosina com quem, por isso mesmo, pretende casar, apesar da grande diferença de idades. É junto das janelas dessa casa que o Conde de Almaviva canta uma serenata à dita Rosina, quando aparece o barbeiro Figaro a quem o Conde facilmente suborna para o ajudar a chegar junto da sua amada. E Figaro elabora um plano astucioso: o Conde entrará em casa de Don Bartolo sob o disfarce de Lindoro, um oficial acabado de chegar à cidade, que, para facilitar as coisas, deverá fingir estar completamente embriagado.
O 2º quadro passa-se no interior da casa de Don Bartolo onde Rosina confessa a Figaro estar apaixonada por um jovem que lhe fizera uma serenata, e que ela julga chamar-se Lindoro. É assim que entrega ao barbeiro uma carta que este deverá fazer chegar ao jovem. Chega Don Bartolo, e Figaro esconde-se. E é do esconderijo que escuta uma conversa entre Don Bartolo e Don Basilio, o mestre de música, durante a qual os dois velhos combinam difamar o Conde de Almaviva, e assim apressar o casamento do tutor com a sua pupila. Figaro revela o que ouviu a Rosina e, juntos, discutem o que fazer em semelhante conjuntura. Don Bartolo regressa e pretende saber o que se passa, mas Rosina consegue disfarçar. É então que surge o Conde disfarçado de oficial e fingido estar completamente embriagado, ao mesmo tempo que apresenta a Don Bartolo o título de aboletamento em sua casa. Este fica assustadíssimo e quer desfazer-se do intruso alegando estar dispensado dum tal dever. Então o Conde desembainha a espada, e aproveita a confusão que esse gesto provoca para passar um bilhetinho a Rosina. Alertados pelo barulho chegam o barbeiro e Don Basilio, seguidos duma patrulha que quer levar o pretenso oficial sob prisão. Só não o fazem porque o fidalgo revela, em segredo, ao Comandante, a sua verdadeira identidade. Don Bartolo e Don Basilio ficam consternados.
2.º ActoO 2º acto passa-se também em casa de Don Bartolo onde o Conde de Almaviva tenta um novo disfarce para se aproximar de Rosina. Desta vez é um professor de música que vem substituir Don Basilio, pretensamente doente. Para acalmar as suspeitas de Don Bartolo, o falso professor mostra-lhe uma carta escrita por Rosina, alegando tê-la obtido junto duma das amantes do Conde. A lição de música começa, sendo interrompida primeiro por Figaro, que se apresenta para barbear Don Bartolo, depois por Don Basilio que, conquistado pelo dinheiro, se finge doente. Entretanto Almaviva e Rosina planeiam a fuga, mas Don Bartolo desconfia e decide não adiar mais o casamento com a pupila. Desgostosa com as calúnias acerca do seu amado, Rosina aceita casar com o velho tutor, que manda Don Basilio a casa do Notário para preparar o contracto. Despeitosa, Rosina denuncia mesmo o plano de fuga, o que leva Don Bartolo a sair para ir buscar a polícia. Surge uma tempestade, durante a qual o Barbeiro e o Conde aproveitam para entrar por uma janela. Almaviva revela a sua verdadeira identidade a Rosina e os dois renovam as suas juras de amor preparando-se para fugir. Entretanto aparece Don Basilio com o Notário. O casamento realiza-se, não entre o tutor e a pupila mas entre Rosina e o Conde. As testemunhas são o Barbeiro e Don Basilio. Quando Don Bartolo chega com a polícia já é tarde. Resta-lhe resignar-se – o que não é assim tão difícil já que Almaviva renuncia ao dote de Rosina.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
2000 – 17 de Fevereiro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.