Libreto: Felice Romani de Pineu-Duval (Faux Stanislas)
Estreia: (Milão) Teatro alla Scala, 5 de Setembro de 1840
PersonagensMarquesa de Poggio
Giulietta
Edoardo de Sanval
Cavaleiro Belfiore
Gasparo Antonio La Rocca
Barão de Kelbar
Delmonte e Um Criado
Conde de Ivrea
AntecedentesDepois da estreia de "Oberto, Conte di San Bonifacio" – a primeira ópera de Verdi levada a público – o jovem compositor recebeu de imediato a encomenda de mais 3 óperas para serem apresentadas no Scala. O director do teatro começou por sugerir "Il Proscritto", um libreto de Gaetano Rossi. Depois mudou de ideias: era precisa uma ópera cómica para a próxima temporada. E entregou a Verdi diversos textos de Felice Romani. A ideia de escrever uma ópera cómica não agradava especialmente ao compositor, de temperamento naturalmente melancólico – além de que atravessava uma grave crise depressiva provocada pelas mortes de dois filhos. Foi assim que, não querendo recusar a encomenda dum teatro tão prestigiado como o Scala, Verdi escolheu não o libreto que mais lhe agradava mas aquele que menos lhe desagradava. A escolha recaiu sobre "Il Finto Stanislao" escrito por Romani para Adalbert Gyrowetz havia 20 anos – uma ópera que deixara definitivamente os cartazes após 30 representações. Mas o nome foi mudado para "Un Giorno di Regno". Mas a desgraça parecia perseguir o compositor. Durante o trabalho nesta ópera teve uma doença de alguma gravidade, e, passadas algumas semanas, morreu a sua mulher Margherita.
Não foi certamente com espírito de comédia que Verdi escreveu esta sua ópera cómica.
A estreia teve lugar no Scala no dia 5 de Setembro de 1840.
Foi um absoluto fiasco.
1.º ActoA acção decorre em França em meados do século XVIII, onde o Cavaleiro Belfiore se faz passar pelo Rei Stanislao I da Polónia para que o soberano, utilizando o factor surpresa, reconquiste o poder. Belfiore é hóspede do Barão de Kelbar que o convida a assistir ao duplo casamento da sua filha Giulietta com o Grande Tesoureiro Gasparo Antonio La Rocca, e da sua sobrinha, a Marquesa Del Poggio, com o Conde Ivrea. Belfiore ama a Marquesa, e teme que ela revele a sua verdadeira identidade. É assim que se apressa a escrever a Stanislao pedindo-lhe que o liberte daquela incumbência. Mas enquanto espera pela resposta do Rei, tem de continuar sob disfarce. E é sob disfarce que recebe a visita do infeliz Edoardo, sobrinho do Tesoureiro, que lhe vem pedir para o acompanhar numa viagem à Polónia onde pretende esquecer a sua paixão pela jovem Giulietta. Esse amor é correspondido mas não tem o consentimento do pai. Esta conversa é escutada parcialmente pela Marquesa que reconhece Belfiore e que se acredita traída. É assim que decide por à prova o amor de Belfiore fingindo concordar em casar com o Conde. Entretanto Belfiore decide ajudar Edoardo, utilizando-se do disfarce. Em troca de alguns elogios e de algumas falsas promessas, Belfiore consegue fazer com que o Tesoureiro abandone o projecto de se casar com Giulietta. Por seu lado a Marquesa decide ajudar a jovem. Só que, quando o Tesoureiro se recusa a assinar o contrato de casamento, o Barão sente-se traído, e desafia-o para um duelo. Nem mesmo a Marquesa consegue aplacar a sua ira ao propor-lhe realizar de imediato um outro casamento, não de Giulietta com o Tesoureiro, mas de Giulietta com Edoardo. Mas o Barão mantém-se inflexível: ele quer enfrentar La Rocca. É então que chega o falso Stanislao que irá servir de juiz.
2.º ActoO 2º acto inicia-se com Belfiore tentando resolver o problema dos jovens apaixonados. Ele sabe que o Barão se opõe ao casamento da filha com Edoardo por ele ser pobre. É assim que decreta que o Tesoureiro deverá ceder ao sobrinho um dos seus castelos acompanhado duma renda. Só que, na presença do Barão, o Tesoureiro inventa uma série de estratagemas para transformar o duelo em bastonadas, sem ter de gastar um tostão.
Segue-se o confronto entre a Marquesa e Belfiore. Para o fazer deixar o seu disfarce, ela revela a sua intenção de oferecer o seu amor ao Conde Ivrea já que Belfiore parece tê-la esquecido. Ludibriada pela aparente indiferença do falso Stanislao, a Marquesa chega mesmo a prometer casar com o Conde, mantendo apenas uma condição: a do Cavaleiro Belfiore se apresentar de imediato. Mas o Cavaleiro mantém-se fiel ao compromisso com o Rei. É assim que inventa questões de estado ultra secretas que o obrigam a partir na companhia do Conde. Não há tempo para casamentos – o que deixa Giulietta e Edoardo desesperados, já que o jovem jurou seguir o falso Rei.
Mas desenlace feliz aproxima-se na forma duma carta: é do verdadeiro Stanislao dizendo que conseguiu o apoio do Senado, e que Belfiore já pode deixar o seu disfarce. A ópera termina no meio da alegria geral.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
2001 – 22 de Novembro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.