Libreto
Van Swieten, segundo um poema de James Thomson traduzido por Brockes
Antecedentes
Composta entre 1799 e 1801, As Estações foram interpretadas pela primeira vez numa sessão privada realizada no palácio de Schwarzenberg, em Viena, no dia 24 de Abril de 1801. A primeira apresentação pública deu-se no dia 29 de Maio desse mesmo ano, no famoso Burgtheater.
O sucesso de A Criação tinha incitado Haydn e Van Swieten a tentar uma nova experiencia da oratória alemã. O libertista não foi genialmente inspirado. O seu texto é um encadeamento de quatro poemas e cantatas cujo carácter descritivo foi qualificado de "vulgaridade à francesa" pelo compositor, pouco satisfeito com este libreto. A unidade, a ostentação e o interesse dramático são obra de Haydn. A sua esplêndida partitura, tão ou mais conseguida que A Criação parece ter-lhe dado bastante que fazer, sobretudo para um compositor que já não sendo jovem começava a evidenciar problemas de saúde. Esta grande obra é um somatório da sua habilidade e da sua experiencia musical e espiritual. O seu encanto reside fundamentalmente numa hábil aliança de temas populares e de escrita erudita, com uma profusão extraordinária de ideias melódicas, de reminiscências campestres, de alusões pitorescas: canções tradicionais, coro de pastores e de fiandeiras representando a cultura popular, enquanto que a cultura erudita resplandece em grandes frescos corais pré-românticos, a fuga final de A Primavera, a divertida fuga dos vindimadores no Outono (meio ébrios, falham as entradas) ou a grande fuga final no Inverno, uma das mais belas páginas de toda a obra de Haydn. A sublime cavatina de Lukas no Verão e a canção de Hanne, que lembra Papageno, no Inverno, ou ainda as grandes peças descritivas pré-românticas (nascer do sol e tempestade no Verão, hino ao trabalho, caça e vindima no Outono) são páginas inesquecíveis. Na cena da Caça, Haydn tem a feliz ideia de utilizar fanfarras austríacas e francesas autênticas. Foi igualmente bem inspirado ao escolher o tema do segundo andamento da sua sinfonia no. 94 A Surpresa sob a forma de ária que canta e assobia o trabalhador da Primavera, o que provocou uma desavença momentânea com Van Swieten, obstinadamente preso à ideia de se introduzir uma ária de ópera da moda.
Na ultima oratória de Haydn, cada uma das quatro estações é então descrita com imagens da natureza e acções humanas que lhes estão associadas. Os solistas encarnam três camponeses, Hanne, Lukas, Simon, que vivem, através de falsa ingenuidade simplória de Haydn, o desenvolvimento das quatro estações, nas quatro partes sucessivas da obra, cada uma delas precedida de uma introdução sinfónica.
A oratória As Estações é o coroamento da carreira de Haydn, assim como um olhar sobre o conjunto da sua obra. Ao mesmo tempo pertence totalmente ao século XIX. É para muitos a primeira grande obra-prima do século.