Temporada de Concertos Antena 2
20 Setembro | 19h00
Auditório do Liceu Camões
Entrada gratuita
Afonso Pais e Tomás Marques
Afonso Pais, guitarra elétrica
Tomás Marques, saxofone alto
Programa
Apresentação do álbum
The Inner Colours of Boglin´s Outline
Música da autoria de Afonso Pais e Tomás Marques
As afinidades musicais revelam-se inúmeras vezes através de um gosto convergente nos mesmos estilos, épocas, geografias ou repertórios. Mais raramente acontece existir um encantamento partilhado em torno do momento criativo, pela perspetiva de uma inquietação prazerosa que é própria da imprevisibilidade a que a música nos expõe, se nos permitirmos a entrega necessária ao momento: Não importam tanto então os repertórios, os idiomatismos caracterizadores de um ou outro estilos conhecidos, ou as heranças de determinada cultura musical.
Neste quadro artístico onde se juntam Tomás Marques e Afonso Pais, o ponto de partida musical é consequente desta forma espontânea e de reciprocidade de estar no momento criativo.
Transmissão direta
Apresentação: João Almeida
Produção: Anabela Luís, Cristina do Carmo
Afonso Pais é um dos mais consensuais guitarristas da nossa praça, estatuto que vem confirmando desde que editou em 2004 (há quase vinte anos!) o seu disco de estreia, Terranova, edição Clean Feed. A sua discografia e percurso não serão os mais comuns e o guitarrista tem explorado diferentes projetos, trabalhando sobretudo parcerias com cantores: Subsequências contou com o enorme Edu Lobo (2008), gravou Onde Mora o Mundo em parceria com JP Simões (2011) e Além das Horas foi gravado com a cantora Rita Maria (2016). Mais recentemente, em 2021, editou um objeto musical inclassificável, O que já importa, onde se destacavam três vozes (Nazaré da Silva, João Neves e Maria Luísa), além de contar com Salvador Sobral e Capicua como convidados. E, já no ano passado, apresentou no Hot Clube um novo projeto, um trio com Bernardo Moreira e João Lopes Pereira a trabalhar revisões jazzísticas de músicas do 007.
Tomás Marques é membro da geração “pós-Toscano” (sub-30), afirmou-se rapidamente como notável saxofonista e integra a fornada de talentos que se tem afirmado na cena nacional nos últimos 2/3 anos (ao lado de músicos como Bernardo Tinoco, Vera Morais, Miguel Meirinhos, Hristo Goleminov, Tom Maciel e Joana Raquel, entre outros). Integra os grupos Bernardo Moreira Sexteto (Entre Paredes), Pedro Moreira Sax Ensemble e LAB (de Ricardo Pinheiro e Miguel Amado) e é co-líder de um grupo com o baterista Diogo Alexandre.
Afonso Pais e Tomás Marques são figuras marcantes da cena jazz, é essa a sua linguagem musical e território comum. Mas, neste projeto, Marques e Pais abdicam de “tocar jazz”. Não se servem de composições e não seguem as regras habituais do género. Marques e Pais optam por estabelecer um diálogo musical conciso, sem terem nada pré-estabelecido, um duo improvisado de saxofone alto e guitarra elétrica (ligação também pouco usual).
O disco The Inner Colours of Boglin’s Outline reúne um conjunto de gravações, cinco improvisações em duo, registadas em diferentes momentos. Habitualmente, na improvisação livre os praticantes do género costumam seguir algumas “regras” (não escritas, mas implícitas): o arranque marcado pela contenção e pela escuta atenta; a procura de pontos de contacto e linhas comuns; até que a música vai evoluindo para crescendos enérgicos; e, neste processo, nunca se ouvem linhas melódicas muito definidas, apenas fragmentos, esboços.
Pais e Marques servem-se da sua experiência jazzística para criar algo novo e diferente. Num permanente jogo do gato e do rato, guitarra e saxofone vão-se perseguindo; um lança uma ideia, o outro responde, consolidando a estrutura, e o tema vai evoluindo, com a música a ganhar formas melódicas sólidas.
Apesar de composta no momento, a música é estruturada pela capacidade de cada músico se ir ligando nas ideias do outro. Este não é um típico disco de improvisação pura. Esta música é puramente improvisada, mas este disco é sobretudo um manifesto de profunda musicalidade, assente num perfeito diálogo e comunicação.
Afonso Pais (1979) | É guitarrista e compositor. Nascido em Lisboa, desenvolve desde o início da sua carreira artística um trabalho de composição exploratório das vertentes e possibilidades da música escrita e da improvisação.
Licenciado pela New School University em Nova Iorque, tem-se expressado como instrumentista essencialmente através da guitarra, mas também do piano e do contrabaixo, tendo editado oito trabalhos discográficos em seu nome: Terranova (Clean Feed, 2004), em trio com Carlos Barretto e Alexandre Frazão, Subsequências, com Edu Lobo (ENJA Records, 2008) Fluxorama, com Albert Sanz e R.J. Miller (JACC Records, 2010), Onde Mora o Mundo (Orfeu, 2011), em co-autoria com JP Simões, Terra Concreta (E.d.A, 2014), gravado exclusivamente em reservas naturais, Além das Horas (ENJA Records 2016), com a cantora Rita Maria, em que a música que dá nome ao disco resulta de uma parceria com Thiago Amud, O Que Já Importa (Trem Azul / Clean Feed Records, 2021), feito como homenagem as suas origens musicais guitarrísticas do Blues, com participações de Salvador Sobral e Capicua, The Inner Colours Of Boglin´s Outline (Clean Feed, 2023), em duo com o saxofonista Tomás Marques. Co-lidera discos em coletivo como por exemplo Cine Qua Non (Toap Records 2013) ou João Paulo Esteves da Silva, Histórias de Jazz em Portugal – A Música de Cole Porter (HCP records 2017), e participa em inúmeros discos enquanto sideman. Desde 2001 tem leccionado nas escolas superiores ESML (Escola Superior de Música de Lisboa), ESMAE (Escola Superior de Música do Porto) e Universidade Lusíada de Lisboa.
Tem apresentado a sua música em vários festivais internacionais, salas de concerto e clubes, em Portugal, Espanha, França, Brasil, E.U.A. ou Marrocos, e atuado com inúmeros músicos nacionais e internacionais.
Tomás Marques (1999) | Natural de Estarreja. Iniciou os seus estudos musicais aos 3 anos na Banda de Música de Loureiro, começando com o piano e requinta posteriormente. Mais tarde mudou-se para a Banda Visconde de Salreu, optando pelo saxofone soprano. Com 9 anos entrou para o Conservatório de Aveiro e depois seguiu para Lisboa para estudar jazz. Hoje em dia dá aulas na escola do Hot Clube. Atualmente pertence à Big Band Estarrejazz, onde já trabalhou com músicos como Maria João, Mário Laginha, Carlos Azevedo, José Eduardo; à Orquestra do Hot Clube de Portugal, onde também já tocou com Joe Lovano, Miguel Zenón, Julian Argüelles e Perico Sambeat. Integra ainda o sexteto do Bernardo Moreira, Pedro Moreira Sax Ensemble, LAB, LUME, e o seu próprio quarteto.
Recebeu o prémio “Músico do Ano 2018 Nacional Revelação” pela JazzLogical, “Artista Revelação 2019” pela RTP/Festa do Jazz e ainda o 1º lugar do Prémio Jovens Músicos na categoria Jazz Combo com o seu quarteto.
Recentemente lançou o seu primeiro disco pela Clean Feed, em duo com o guitarrista e compositor Afonso Pais, onde apresenta o seu mais recente projeto.
Fotos Jorge Carmona / Antena 2