Temporada de Concertos Antena 2
Ciclo Portugalsom
em parceria com a Direção Geral das Artes e a ESML
29 janeiro | 19h00
Auditório Vianna da Motta da
Escola Superior de Música de Lisboa | PortugalSom
Entrada gratuita
Horus Trio & Trio Aro
Horus Trio
Leonor Marinho, oboé
Telmo Rocha, trompa
José Maria Couto, piano
Trio ARO
Diogo Cocharra, clarinete
Adriana Gonçalves, violoncelo
Miguel Perdigão, piano
Programa
[Horus Trio]
Carl Reinecke (1824-1910) – Trio, Op. 188
I. Allegro moderato
II. Scherzo molto vivace
III. Adagio
IV. Finale: Allegro ma non troppo
[Trio Aro]
António Pinho Vargas (1951) – Quatro ou cinco movimentos fugidios de água
Reinecke foi um proeminente pianista, compositor, maestro e professor. Este trio, publicado em 1887, surge já numa fase de maturidade, tinha o compositor 63 anos de idade, ocupando a posição de maestro da Orquestra Gewandhaus e o lugar de professor no conservatório de Leipzig. A sua linguagem enquadra-se na ala conservadora do romantismo, sendo as afinidades com Brahms e Schumann evidentes. Esta obra é disso prova, seguindo um convencional esquema de quatro andamentos. O primeiro em forma sonata, sério, em lá menor, o segundo um Scherzo em dó maior, o terceiro um Adagio de grande pungência expressiva em fá maior e um Rondo final, em lá maior, que não será tanto um rondo-sonata como uma forma sonata que o compositor fez habilmente soar como um Rondo, recuperando ainda, algo inesperadamente, o tema do andamento lento na reexposição. Esta estrutura de forma clássica contém, ainda assim, um léxico harmónico algo arrojado, notem-se as progressões encontradas no desenvolvimento do primeiro andamento, que harmonizam o motivo B-A-C-H, a utilização da quinta aumentada no acorde da dominante, sobretudo no último andamento, ou o uso muito frequente de modulação por meio de acordes de sexta aumentada, por toda a obra. O compositor terá sem dúvida construído aqui uma obra convincente e comunicativa, variada e bem proporcionada, dando igual destaque a todos os instrumentos e procurando a sua natural interacção, que constitui merecidamente o alicerce do repertório para piano, oboé e trompa.
José Couto, dezembro 2023
Antes de começar a compôr o Trio ouvi os trios de Brahms e Beethoven para me colocar na sonoridade desta peculiar formação instrumental. Admirei as obras, especialmente a de Beethoven, que já não ouvia há muito tempo, mas percebi claramente que, para esta obra, as referências aos clássicos estavam-me vedadas. Enquanto, por exemplo nos meus dois Ciclos de Canções de António Ramos Rosa de 1995 e Albano Martins de 2000, a sombra de Schubert e Schumann não tinha constituído um peso mas antes uma leveza. Neste caso o caminho tinha de ser outro. Cada peça reclama, sem dúvida, o seu modo de ser, o seu universo. Por outro lado, os Quatro ou cinco movimentos fugidios da água estão ligados pela proximidade cronológica à obra para piano solo Holderlinos. Trata-se de uma peça sobre as grandes variações de movimento que a água do mar proporciona, desde que haja disponibilidade para olhar para ele, da aparente imobilidade profunda dos fins de tarde, até à agitação impressionante das tempestades. Não fiz nenhum estudo das periodicidades fractais das marés. Penso que a arte não tem como objecto a natureza mas a memória dela, ou mesmo a própria memória da arte.
António Pinho Vargas, junho de 2001
Transmissão direta
Apresentação: Pedro Ramos
Produção: Anabela Luís, Zulmira Holstein
Leonor Marinho | Nascida no Porto em 2003, começou o seu percurso musical aos 10 anos na Academia de Música José Atalaya, na classe de oboé de Hugo Ribeiro. Atualmente, estuda na Escola Superior de Música de Lisboa na classe de Pedro Ribeiro. Frequentou masterclasses com os professores Ralph van Daal, Diethelm Jonas, David Walter, Christian Wetzel, Omar Zobali, Ian Davidson, Ricardo Lopes, Tiago Coimbra e Jean Michel Garreti.
No que diz respeito a música de câmara, atuou com várias formações, desde sexteto com piano a quinteto e quarteto de sopros, quarteto para oboé e trio de cordas e, neste momento, faz parte do Horus Trio, um trio com oboé, trompa e piano. Trabalhou com vários nomes nacionais e internacionais como: Paulo Pacheco, Nuno Inácio, Evan Rothstein e Julia Haager.
Concorreu a vários concursos, onde obteve o 1° lugar no concurso Terras de Santiago, realizado este ano, o 2° lugar no nível médio do Prémio Jovens Músicos e na categoria juvenil do Concurso Terras de La Sallette. Na vertente de composição, venceu o Concurso de Composição Século XXI.
Trabalhou com vários maestros, entre os quais: Jan Cober, Jean-Marc Burfin, José Eduardo Gomes, Pedro Carneiro, Francisco Ferreira, Cesário Costa, José Ricardo Freitas. Integrou a Jovem Orquestra Portuguesa e, presentemente, atua ativamente com a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra de Câmara Portuguesa, a Orquestra Municipal de Sintra – D. Fernando II e a Sinfonietta de Ponta Delgada.
Telmo Rocha | Natural da Ilha Terceira e nascido em 2003, iniciou os seus estudos musicais na Sociedade Filarmónica Rainha Santa Isabel das Doze Ribeiras, ingressou mais tarde no Conservatório Regional de Angra do Heroísmo, na classe de Edgar Marques e atualmente frequenta a Escola Superior de Música de Lisboa, na classe de Paulo Guerreiro e Luís Vieira.
É membro das duas orquestras de jovens mais prestigiadas da Europa, a Gustav Mahler Jugendorchester e a European Union Youth Orchestra, e toca regularmente em diversas orquestras profissionais por todo o país. Faz também outros projetos como o Ensemble Orquestral da Beira Interior e agrupamentos de música de câmara.
Teve masterclasses com grandes nomes do mundo da trompa como Adrian Martinez, Radovan Vlatkovic, Nathaniel Silberschlag, Anneke Scott e Sarah Willis. E esteve sob a batuta de maestros renomados como Antonio Pappano, Jukka-Pekka Saraste, Manfred Honeck e Teodor Currentzis. Como tutores na música de câmara teve profissionais como Hugo Assunção, Paulo Pacheco, Sérgio Carolino, Michael Sachs e Yasuhito Sugiyama.
É bolseiro da Fundação Barry Tuckwell e premiado em vários concursos nacionais e internacionais.
José Maria Couto | Nasceu em Lisboa em 2002, tendo iniciado os seus estudos musicais em criança na Figueira da Foz, cidade que o viu crescer. Ingressou aí na classe de piano de Luís Rodrigues, no Conservatório de Música David de Souza, que frequentou até ao 7º grau (11º ano de escolaridade). Enquanto aluno desta instituição obteve uma menção honrosa no Concurso de Piano Cidade do Fundão, o terceiro prémio no Concurso de Piano Colégio de São Teotónio e o terceiro prémio no Concurso de Piano Cidade de Almada. Em 2017 começou a estudar particularmente com Artur Pizarro, tendo ingressado no Conservatório de Coimbra na classe de Catarina Peixinho no ano seguinte. Aí concluiu o ensino secundário e teve pela primeira vez contacto com a prática do Baixo Contínuo, com Júlio Dias e com a Composição, com David Miguel, tendo composto e estreado uma obra a solo Fantasia para Piano.
Em 2020 frequentou aulas de composição com Eli Camargo Junior e o Porto Conducting Lab Online, curso de introdução à Direção de Orquestra, ministrado por Jan Wierzba. Foi nesse ano admitido na Escola Superior de Música de Lisboa onde estudou na classe de Piano de Artur Pizarro e presentemente na de Paulo Pacheco, com quem estuda também Música de Câmara. Nesta instituição tem, a par do Piano, estudado Cravo e Baixo Contínuo com Elizabeth Joyé, bem como Órgão e Improvisação com António Esteireiro.
Participou em masterclasses e cursos de aperfeiçoamento no âmbito da Música Antiga, com Christophe Coin, Fernando Miguel Jaloto e Cristiano Holtz, do Órgão com Olivier Latry, da Improvisação com Franz Joseph Stoiber, do Piano com Guigla Katsarava, Małgorzata Walentynowicz e António Rosado e da Música de Câmara com António Chagas Rosa, Andrew Watkinson e Evan Rothstein.
Começou recentemente a estudar Direção de orquestra com Jean-Marc Burfin.
Além da Música tem vindo a dedicar-se também à Literatura, tendo por duas vezes sido premiado na Categoria de Poesia do Prémio Literário Cristina Torres.
Trio Aro (Diogo Cocharra, clarinete; Adriana Gonçalves, violoncelo; Miguel Perdigão, piano) | Foi formado em 2021 na Escola Superior de Música de Lisboa.
Sob a orientação de Paulo Pacheco, este trio desenvolve regularmente um trabalho em que explora, primordialmente, a fusão tímbrica dos três distintos instrumentos através de obras contrastantes que se estendem desde o final do séc. XVIII até à segunda metade do séc. XX. Para além dos incontornáveis trios de L. v. Beethoven (Trio Gassenhauer, op. 11) e de J. Brahms (Trio em Lá menor, op. 114), o seu repertório compreende também os trios de Robert Muczynski, Benjamin Frankel e Per Nørgård.
Em contexto de masterclass, teve oportunidade de trabalhar com os violinistas Andrew Watkinson e Evan Rothstein. Obteve também algumas orientações da violoncelista Cristina Aguilera Goméz e do clarinetista Paulo Gaspar.
O Trio Aro integrou a programação de algumas salas de Lisboa, nomeadamente do Auditório Vianna da Motta (edição 2022 do Music Education Annual Meeting, e edição 2023 da Semana da Composição) da Sociedade Guilherme Cossoul e do Auditório do Museu do Oriente (incluído na 48ª edição do Festival Estoril Lisboa).
A PortugalSom é, há décadas, guardiã de uma parte fundamental da identidade musical portuguesa, constituindo um espólio sonoro inestimável. A sua missão foi sempre a divulgação da música de compositores e intérpretes portugueses, aproximando-a do grande público. Este Ciclo dá continuidade a essa missão, tornando vivo o património da PortugalSom e dando a conhecer novos intérpretes, novos compositores e novas obras. Ouça o próximo andamento da PortugalSom.