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Womex 2021, a grande montra das músicas do mundo, do convívio das ideias e projetos que agitam o mundo da world music em conexão com outros géneros musicais como o jazz, a pop ou a música erudita, realizou-se no Porto no passado mês de Outubro.
Depois da
Antena 2 na Womex, o programa
Raízes de Inês Almeida traz, a partir de 10 de Março, alguns dos melhores concertos desta festa, assim como entrevistas a alguns intérpretes que atuaram nesta feira que pode ser considerada símbolo do caráter universal da música e da sua capacidade para unir povos e culturas de todo o mundo.
A Womex 2021 na Antena 2
Com Inês Almeida
em
RaízesProg. 1 | 9 Março
Concerto Inaugural –
Porto ReFolk Express
Casa da Música, Porto | 27 Outubro
Retimbrar + Uxía (Portugal/Galiza)
Coletivo musical do Porto que explora os ritmos, as canções e os instrumentos tradicionais portugueses, resultando num repertório carismático de originais e arranjos de temas da tradição. Uxía é uma cantora e compositora da Galiza com 30 anos de carreira na vanguarda do movimento de revitalização do folclore galego.
Sopa de Pedra (Portugal)
Ensemble vocal feminino que reinterpreta as canções regionais portuguesas e faz arranjos folk de novas canções de compositores contemporâneos portugueses, para vozes e percussões.
Galandum Galundaina + Pauliteiros de Miranda (Portugal)
Grupo que há 20 anos contribui activa e decisivamente para o estudo, a preservação e a regeneração da identidade cultural das Terras de Miranda, redescobrindo a sua música tradicional e usando a sua língua. Temas tradicionais, arranjos e novas composições para gaitas-de-fole, sanfona, flautas, cordas e percussão. Os Pauliteiros de Miranda são um grupo de danças tradicionais mirandesas com 8 elementos.
Sopa de Pedra @ Womex21 / Yannis Psathas
Prog. 2 | 11 Março
Concerto Antonio Castrignanó & Taranta Sounds (Itália).
Coliseu do Porto | 28 Outubro
Antonio Castrignanó (cantor e intérprete do tamburello) é uma das principais figuras no movimento de revivalismo das tradições musicais do Sul de Itália, em especial da região de Salento, ligadas às tarantellas, cuja família engloba a pizzica. A sua banda inclui vozes, tamburello, violino, bandolim, mandola, acordeão, flauta, gaita-de-fole, guitarras e baixo.Para ouvir,
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Entrevista a Antonio Castrignanó
por Inês Almeida
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Prog. 3 | 12 Março
Concerto Bab L’Bluz (Marrocos/França)
Coliseu do Porto | 28 Outubro
O Bab L’Bluz é o quarteto que tem por vocalista a cantora marroquina Yousra Mansour. O grupo reclama os blues para o Norte de África, trabalhando sobre a música tradicional Gnawa com influências da tradição al-andaluza, do funk, do rock, do chaabi, dos blues e da poesia cantada da Mauritânia. O awicha substitui a guitarra e o guembri substitui o baixo, aos quais se juntam as percussões, a flauta e a bateria.Para ouvir,
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@ Womex21 / Jakob Crawfurd
Prog. 4 | 15 Março
Concerto La Perla (Colômbia)
Coliseu do Porto, 28 Outubro
O trio de Karen, Diana e Giovanna nasceu em Bogotá no ano de 2014 para competir no prestigiado Festival de Gaitas de Ovejas, de onde saiu vitorioso no ano seguinte. As três músicas são investigadoras das tradições musicais da costa caribenha da Colômbia; o seu repertório é feito de arranjos de canções tradicionais e de novas canções, para vozes, percussões e gaitas tradicionais.Para ouvir,
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@ Womex21 / Eric van Nieuwland
Entrevista a La Perla
por Inês Almeida
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Prog. 5 | 16 Março
Concerto de Brìghde Chaimbeul (Ilha de Skye, Escócia)
Alfândega do Porto (Palco Daycase), 28 Outubro
A jovem Brìghde Chaimbeul, de apenas 24 anos, é uma das grandes promessas actuais da música celta. Ela toca as “Scottish smallpipes” (pequenas gaitas-de-fole escocesas), instrumento que está a ser alvo de um processo de revitalização desde a 2ª metade do séc. XX. O repertório de Brìghde estabelece ligações entre a tradição gaélica da Escócia e as tradições congéneres da Irlanda, da Escandinávia, da Europa de Leste e do Canadá.
@ Womex21 / Yannis Psathas
Entrevista a Brìghde Chaimbeul
por Inês Almeida
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Prog. 6 | 18 Março
Concerto Duo de Sahib Pashazade (Azerbaijão)
Alfândega do Porto (Palco Daycase), 28 Outubro
O mugham azeri é um repertório vasto e complexo que alia a poesia clássica à improvisação musical com base em modos associados a escalas e melodias de transmissão oral.
O virtuoso Sahib Pashazade, Artista Emérito do Azerbaijão, interpreta peças tradicionais do mugham, assim como novas composições, no tar azeri (alaúde desenvolvido a partir do tar persa na década de 1870). É acompanhado por Kamran Kerimov no tambor nagara.
@ Womex21 / Jakob Crawfurd
Entrevista a Sahib Pashazade
por Inês Almeida
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Prog. 7 | 19 Março
Concertos Kosy (Polónia) / Trupe Nakibembe (Uganda)
Teatro Rivoli, Porto (Teatre Stage)/ Tenda da Praça D. João, 28 Outubro
Kosy é um quarteto feminino que se dedica a recolher e reinterpretar o cancioneiro tradicional da Baixa Silésia, sudoeste da Polónia, feito de canções trazidas pelos repatriados na primeira metade do séc. XX. Os arranjos de Aleksandra Gronowska, Kasia Pakosa, Anastazja Sosnowska e Katarzyna Szetela-Pękosz destinam-se a vozes, harmónio, sanfona, sansula, daf, taças, tambores xamânicos, violino, viola e percussão.
Trupe Nakibembe – Excerto do concerto com repertório tradicional para xilofone ugandês embaire, tocado por vários instrumentistas em simultâneo.
@ Womex21 / Yannis PsathasProg. 8 | 22 Março
Concerto Mazaher (Egipto)
Teatro Rivoli, Porto (Teatre Stage), 28 Outubro
O grupo é liderado pela cantora e percussionista Um Sameh (voz e mazhar) e o papel principal pertence às mulheres que interpretam o repertório tradicional de transe do ritual Zar. Atualmente são 4 mulheres cantoras e instrumentistas (vozes, mazhar, sagat, doholla, tabla) e 2 homens (tamboura, mangour, hana e vozes). O grupo foi criado em 1998 por Ahmed El Maghraby, no Centro Makan para a Cultura e as Artes do Egipto, no Cairo, que “encoraja a diversidade da cena cultural egípcia como estratégia para contrariar a uniformidade cultural, o consumismo e a intolerância crescente sobre o que é marginal.”
@ Womex21 / Yannis Psathas
Prog. 9 | 23 Março
Concerto Naïssam Jalal & Rhythms of Resistance (França/Síria)
Teatro Rivoli, Porto (Teatre Stage), 28 Outubro
A flautista e compositora Naïssam Jalal, de 38 anos, nasceu em Paris numa família de artistas sírios. Estudou no Conservatório de Paris, depois esteve na Síria e estudar ney e, posteriormente, no Cairo, durante 3 anos, a estudar música clássica árabe. Quando regressou a França envolveu-se em diversos projectos criativos com músicos de jazz, africanos, rappers e outros e visitou a Espanha para explorar o flamenco e investigar a música carnática indiana.
O Rhythms of Resistance é o quinteto onde Naïssam e parceiros conjugam todas essas influências culturais e estéticas num universo sonoro de liberdade e resistência às formatações.
No final do programa tempo ainda para escutar excertos dos concertos “Regresso”, de Miroca Paris (Cabo Verde), e “Kikola”, do grupo Ayom (Port/Bra/Ang/Ita/Gre) gravados a 29 de outubro no Teatro Nacional de São João.
@ Womex21 / Eric van Nieuwland
Prog. 10 | 25 Março
Concerto Maria Mazzotta (Itália)
Alfândega do Porto (Palco Daycase), 29 OutubroNeste concerto a italiana Maria Mazzotta apresenta-se acompanhada por Antonino de Luca, no acordeão. Maria Mazzotta é uma das vozes mais extraordinárias e consagradas da música tradicional e folk do Sul de Itália. Durante 15 anos pertenceu ao Canzoniere Grecanico Salentino e explorou a fundo as tradições ligadas ao repertório da pizzica tarantata e à cultura de Salento. Em 2020 iniciou a carreira a solo com o álbum
Amoreamaro, visão apaixonada e intensa, do ponto de vista feminino, das emoções suscitadas pelo amor. A seleção de Maria Mazzotta vai dos
stornelli às canções tradicionais rearranjadas e aos marcos da canção italiana.
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@ Womex21 / Eric van Nieuwland
Entrevista a Maria Mazzotta e Antonino de Luca
por Inês Almeida
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Prog. 11 | 26 Março
Concerto Duo de Tolgahan Çogulu e Sinan Ayyildiz (Turquia)
Alfândega do Porto (Palco Daycase), 29 Outubro
Tolgahan Çogulu é o criador e intérprete da guitarra microtonal (de trastos ajustáveis) e Sinan Ayyildiz o intérprete do saz de braço duplo. Juntos eles tocam novos arranjos e improvisações sobre o repertório clássico e popular de países como Turquia, Arménia, Curdistão e Azerbaijão, fazendo a ponte entre a música oriental e ocidental num género a que chamam “maqam-jazz”.
Neste episódio ainda se pode escutar um excerto do concerto de Morgan Toney (Canadá), no palco OffWomex, no Teatro Sá da Bandeira, no mesmo dia; temas que cruzam as raízes da música do povo indígena Mi’kmaq com a tradição celta de Cape Breton.
@ Womex21 / Jakob Crawfurd
Prog. 12 | 29 Março
Concerto Tanxugueiras (Galiza – Espanha)
Teatro Nacional São João (palco Lusofónica), 29 OutubroTrio formado em 2016 pelas irmãs Olaia e Sabela Maneiro e Aida Tarrío. O trio recolhe o legado das cantoras e pandeireteiras da Galiza, as mulheres que trabalharam para manter viva a música tradicional galega. A partir dessa matéria-prima, elas reinterpretam o folclore, fundindo-o com ritmos e sonoridades urbanas contemporâneas.
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@ Womex21 / Jakob Crawfurd
Entrevista a Tanxugueiras
por Inês Almeida
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Prog. 13 | 30 Março
Concerto Ensemble Amir Amiri (Irão/Síria/Jordânia/Canadá)
Teatro Sá da Bandeira (palco OffWomex), 29 Outubro
O grupo liderado por Amir Amiri (santur, composição) reúne músicos do Irão, da Síria e da Jordânia a viver e a trabalhar no Canadá. O repertório (peças tradicionais e novas composições), para santur, ‘ud, tar, ghaychak, viola e percussão, procura expandir as fronteiras da tradição clássica persa, cruzando-a com géneros espirituais, folclóricos e modernos.
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@ Womex21 / Yannis Psathas
Prog. 14 | 1 Abril
Concerto Trio Grosse Isle (Québec – Canadá/Irlanda)
Teatro Sá da Bandeira (palco OffWomex), 29 OutubroO trio de música tradicional Grosse Isle nasceu da colaboração “absolutamente mágica” entre três músicos excepcionais: Sophie Lavoie (Québec) (violino, piano, voz), André Marchand (Québec) (guitarra, voz) e Fiachra O’Regan, (Connemara – Irlanda) (gaitas uillean, whistle, banjo). Tendo como referência o momento histórico da Grande Fome da Irlanda, que originou a emigração maciça dos irlandeses para o Canadá (em meados do séc. XIX), o Grosse Isle une as duas margens do Atlântico Norte através da fusão da tradição musical franco-canadiana e da tradição irlandesa.
@ Womex21 / Eric van Nieuwland
Prog. 15 | 2 Abril
Concerto Northern Resonance (Suécia)
Teatro Rivoli, 29 Outubro
Tal como o nome deste trio indica, Anna Ekborg (viola d’amor), Jerker Hans-Ers (violino de Hardanger e violino barítono) e Petrus Dillner (nyckelharpa) dedicam-se à arte da ressonância das cordas, particularmente as ressonâncias possíveis entre três instrumentos que se encontram no mesmo grupo pela primeira vez na história da folk escandinava.
A partir do repertório tradicional, o trio compõe novas peças que são paisagens sonoras, arranjos de câmara que dão grande importância e detalhe aos tons e aos timbres, sem dispensar a improvisação.
Ainda neste episódio um excerto do concerto de Boi Akih (Indonésia/Países Baixos/Guiné Conacri/Hungria) que teve lugar no mesmo palco e no mesmo dia.
@ Womex21 / Eric van Nieuwland
Entrevista a Northern Resonance
por Inês Almeida
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Prog. 16 | 5 Abril
Concerto Atine (Irão/Palestina/França)
Teatro Rivoli, 29 Outubro
O quinteto feminino Atine resultou do encontro singular de músicas reconhecidas do Irão, da Palestina e de França que congregam a tradição musical e poética da Pérsia em novos arranjos com influências da música árabe, do flamenco, do jazz e da música barroca. O grupo foi fundado em 2019, quando a cantora Aïda Nosrat reuniu um ensemble para uma performance no Festival Mawazine de Marrocos (com voz, tar, qanun e percussão).
Houve uma comunicação imediata entre as quatro artistas, que logo decidiram aprofundar e expandir o repertório com o contributo da francesa Marie-Suzanne De Loye, na viola da gamba.Para ouvir,
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@ Womex21 / Eric van Nieuwland
Entrevista ao quinteto Atine
por Inês Almeida[Clique para ouvir]
Prog. 17 | 6 Abril
Concerto Hudaki Village Band (Ucrânia)
Coliseu do Porto, 30 Outubro
O colectivo de nove músicos que constitui a HVB convida-nos a descobrir a fascinante tradição musical da região montanhosa de Maramorosh (oblast de Zakarpattia), no sudoeste da Ucrânia, fronteira com a Roménia e a Hungria. Aí, o repertório cruza a tradição vocal eslava com as melodias romenas e os ritmos extáticos judeus e ciganos. Com um instrumentário exemplar, trajos folclóricos e um humor omnipresente, a HVB é uma banda intergeracional dedicada à perpetuação das tradições vivas e à sua transmissão aos novos públicos.
@ Womex21 / Yannis Psathas
Prog. 18 | 8 Abril
Concerto Ebo Krdum (Sudão/Suécia)
Alfândega do Porto (palco Daycase), 30 Outubro
Cantor, guitarrista e activista, Ebo Krdum chegou à Suécia em 2010 com o estatuto de refugiado de um dos piores conflitos políticos da história recente: o conflito de Darfur, na zona ocidental do Sudão. Cantando em 8 línguas diferentes e usando a voz como veículo lírico e de valores como a liberdade, a igualdade e a diversidade, Ebo propôs-se trabalhar a sua herança musical com o grupo que fundou no país de acolhimento. O seu último projecto é “Diversity”, que cruza as tradições musicais sudanesas e da África subsahariana com a tradição do violino da Escandinávia.Para ouvir,
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@ Womex21 / Eric van NieuwlandProg. 19 | 9 Abril
Concerto Mutsumi Aragaki (Japão)
Alfândega do Porto (palco Daycase), 30 Outubro
Mutsumi é cantora e toca o alaúde tradicional sanshin (com origem no sanxian chinês). A artista estudou as canções da tradição clásssica e popular da ilha de Okinawa com dois dos maiores mestres, Fukuhara Chouki e Fukuhara Kyouko. No entanto, as suas interpretações do cancioneiro são feitas dentro de uma estética de vanguarda, com recurso a electrónica (ruído digital, efeitos), a vocalizações abstratas e a sons de paisagens naturais de Okinawa (pássaros, insectos, mar, etc.).Para ouvir,
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@ Womex21 / Jakob Crawfurd
Prog. 20 | 12 Abril
Concerto Amak (País Basco espanhol)
Teatro Sá da Bandeira (palco OffWomex), 30 Outubro
“Amak” é o acrónimo que resulta da junção das iniciais dos nomes das 4 mulheres do grupo: Alaitz, Maixa, Amaia e Kris; e é, também, a palavra basca para “mães”.
O repertório do quarteto, novos arranjos a partir das canções e das danças tradicionais bascas – que antigamente eram quase sempre interpretadas por homens, os trikitilari e panderojoles – é construído com polifonias a 4 vozes, 4 trikitixas (acordeão diatónico do País Basco) e 4 pandeiretas.
É a tradição renovada no feminino e sempre em língua basca.
@ Womex21 / Eric van Nieuwland
Prog. 21 | 13 Abril
Concerto Aynur Doğan (Turquia)
Teatro Rivoli, Porto, 31 OutubroConcerto de gala da vencedora do Prémio Artista Womex ’21, distinguida pela “mais elevada integridade artística perante a pressão política” e pela “longa dedicação à preservação e renovação da cultura curda e alevi”.
Aynur, nascida na província de Dershim, é uma voz de grande simbolismo para a comunidade curda da Turquia. Ela trabalha a partir do cancioneiro tradicional curdo, em língua curda, fazendo novos arranjos que dialogam com a música do Ocidente, nomeadamente o jazz.
Desde que publicou o seu primeiro disco, em 2002, Aynur sofreu censuras e pressões por parte das autoridades turcas, simplesmente por cantar canções curdas, e foi alvo de grupos de extrema-direita e anti-curdos do país. Vive actualmente nos Países baixos e faz concertos em toda a Europa (e não só), tendo já colaborado com artistas como Yo-Yo Ma, Kayhan Kalhor e Javier Limón.