No dia 7 de maio completam-se 200 anos da estreia da Nona Sinfonia de Beethoven. Esta foi a última sinfonia completa do compositor, atualmente uma das obras mais conhecidas do repertório ocidental, e uma das grandes obras-primas de Música. Primeira sinfonia coral, foi apresentada a 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater (Teatro do Ducado da Caríntia), em Viena, na Áustria.
Desde 1972, a Ode à Alegria, do 4º andamento, foi oficialmente adotada pelo Conselho da Europa como hino da União Europeia e símbolo dos ideais de liberdade, paz e solidariedade.
7 maio | 21h00
Grande Auditório
Realização e Apresentação: Reinaldo Francisco
Produção: Susana Valente
Gravação pela Deutschlandradio Kultur
no Konzerthaus, em Berlim,
a 31 de dezembro de 2023
200 anos | Ludwig van Beethoven | Nona Sinfonia
Siobhan Stagg, soprano
Sophie Harmsen, meio-soprano
Andrew Staples, tenor
Michael Nagy, baixo
Coro e Orquestra Sinfónica da Rádio de Berlim
Direção de Karina Canellakis
Programa
Ludwig van Beethoven – Sinfonia nº 9 em ré menor, op.125 ‘Coral’
A Sociedade Filarmónica de Londres, atual Sociedade Filarmónica Real (Royal Philharmonic Society), encomendou originalmente a obra, em 1817. Beethoven começou a trabalhar nela no ano seguinte, e terminou-a no início de 1824, doze anos após a sua anterior sinfonia.
Contudo o interesse de Beethoven pela Ode à Alegria iniciou-se muito antes, desde 1793, com inúmeras tentativas de musicar o poema. Foi na Nona que Beethoven incorporou parte do poema An die Freude (“À Alegria”), uma ode escrita por Friedrich Schiller, em 1785, com o texto cantado por solistas e um coro no último andamento. Este foi a primeira vez que um compositor importante usou a voz humana com idêntico destaque da dos instrumentos numa sinfonia, criando, deste modo, uma obra de grande alcance que deu o tom para a forma sinfónica que viria a ser adotada pelos compositores românticos.
No Hino da Alegria, ou Ode à Alegria (em alemão Ode an die Freude), Schiller expressa uma visão idealista da raça humana como irmandade, perspetiva que tanto este como Beethoven partilhavam.
Foi apresentada pela primeira vez em 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater, em Viena, na Áustria. O regente foi Michael Umlauf, diretor musical do teatro, e Beethoven — dissuadido da regência pelo estágio avançado de sua surdez — teve direito a um lugar especial no palco, junto ao maestro.
A Nona Sinfonia foi executada pela primeira vez no dia 7 de maio de 1824, no Kärntnertortheater, juntamente com a abertura Die Weihe des Hauses (“A Consagração da Casa”) e as primeiras três partes da Missa Solene, tudo reportório de Beethoven. Esta foi a primeira aparição do compositor num palco após doze anos; o Teatro estava cheio. As partes para soprano e contralto da sinfonia foram executadas por duas jovens e famosas cantoras da época, Henriette Sontag e Caroline Unger. Embora a apresentação tenha sido regida oficialmente por Michael Umlauf, mestre de capela do teatro, Beethoven dividiu o palco com ele, pois a sua surdez já era total.
Alguns relatos de testemunhas sugerem que a interpretação da sinfonia na noite de estreia teria sido pouco apurada, devido ao pouco número de ensaios realizados (apenas dois com a orquestra inteira); mas não deixou de ser um grande sucesso.
Esta sinfonia está estruturada em quatro andamentos:
Allegro ma non troppo, un poco maestoso;
Scherzo: Molto vivace – Presto;
Adagio molto e cantabile – Andante Moderato – Tempo I – Andante Moderato – Adagio – Lo Stesso Tempo;
Recitativo: (Presto – Allegro ma non troppo – Vivace – Adagio cantabile – Allegro assai – Presto: O Freunde) – Allegro assai: Freude, schöner Götterfunken – Alla marcia – Allegro assai vivace: Froh, wie seine Sonnen – Andante maestoso: Seid umschlungen, Millionen! – Adagio ma non troppo, ma divoto: Ihr, stürzt nieder – Allegro energico, sempre ben marcato: (Freude, schöner Götterfunken – Seid umschlungen, Millionen!) – Allegro ma non tanto: Freude, Tochter aus Elysium! – Prestissimo: Seid umschlungen, Millionen!
Com esta estrutura, Beethoven mudou o padrão habitual das sinfonias clássicas, colocando o scherzo antes do movimento lento. Foi a primeira vez que ele fez isso numa sinfonia, embora tivesse feito o mesmo em outros tipos de composições, como nalguns quartetos, trios e numa sonata.
A sinfonia n° 9 tem um papel cultural de extrema relevância no mundo atual, em especial, pela música do último andamento, designada Ode à Alegria, rearranjada por Herbert von Karajan para se tornar o hino da União Europeia, a 19 de Janeiro de 1972.
O hino de Beethoven é muitas vezes tocado sem letra, pois a música é uma linguagem universal, visando expressar os ideais de liberdade, paz e solidariedade, ideais que a Europa e as suas instituições como um todo querem e ambicionam prosseguir.