Teatro Sem Fios
24 Setembro | 19h00
6 Outubro | 14h00 (rep.)
11 Outubro | 5h00 (rep.)
Gravado no Auditório 2
em Lisboa
Produção: Anabela Luís / Artistas Unidos
Sonho (mas talvez não) | Luigi Pirandello
Intérpretes
A jovem senhora – Inês Pereira
O homem de fraque – João Meireles
O homem de fraque – João Meireles
Direcção
António Simão
Sinopse
Com este breve ato escrito em 1936, Pirandello prossegue a sua obra num tom aparentemente menor. Estamos a falar da memória, dos factos, da verdade, da mentira, do desejo.
No sonho desta senhora aristocrata há um outro homem?
Ou é a realidade?
Ela tem mesmo um amante?
E que faz o colar que ela sonha e surge a meio da peça?
Fascinado pela psicanálise mas também pelo cinema, o grande autor siciliano tem nesta pequena obra um ponto cimeiro da sua carreira, talvez o seu segredo maior. E se os sonhos não existissem.
Sonho (mas talvez não) teve estreia mundial em Lisboa, no Teatro D. Maria II, em 1936, aquando das celebrações do 10º aniversário da Revolução Nacional. Amélia Rey Colaço e Samuel Dinis eram os intérpretes e Pirandello esteve presente nessa estreia.
Fascinado pela psicanálise mas também pelo cinema, o grande autor siciliano tem nesta pequena obra um ponto cimeiro da sua carreira, talvez o seu segredo maior. E se os sonhos não existissem.
Sonho (mas talvez não) teve estreia mundial em Lisboa, no Teatro D. Maria II, em 1936, aquando das celebrações do 10º aniversário da Revolução Nacional. Amélia Rey Colaço e Samuel Dinis eram os intérpretes e Pirandello esteve presente nessa estreia.
Luigi Pirandello
nasceu a 28 de Junho de 1867, perto de Agrigento, na Sicília, numa localidade chamada Caos. A sua vida foi, como escreveu, a “involuntária passagem pela terra de um filho do caos.” Após o liceu em Palermo, vai ajudar o pai na gestão das minas de enxofre que a família possui. Mas cedo abandona os negócios familiares para frequentar a Universidade, primeiro em Roma, depois em Bona, onde se licencia em Filologia Românica.
A partir de 1892, estabelece-se em Roma onde inicia a sua carreira literária, aconselhado pelo seu conterrâneo Luigi Capuana a escrever narrativas. Em 1894, casa-se com Maria Antonietta Portulano, herdeira de um sócio do pai, que sofre de distúrbios mentais que muito o afetão. Em 1901, publica o primeiro romance, L’esclusa e, em 1902, Il turno.
Autor de uma obra vasta, Pirandello escreveu diversos romances, contos e novelas que foram compilados sob o título de Novelle per un anno (15 vols., 1922-37). Com Ele Foi Matias Pascal, romance publicado em 1904, obteve um enorme êxito editorial. Dos seus seis romances, os mais conhecidos são Ele Foi Matias Pascal (1904) e Um, Ninguém e Cem Mil (1926) ambos editados em Portugal na Cavalo de Ferro.
Mas é a partir de 1915 que começa a carreira triunfal de autor dramático, com obras como Cautela Libertino!, Limões da Sicília, Liolà (1916), O Barrete de Guizos, A Volúpia da Honra (1917), Para Cada Um a Sua Verdade, Ma Non È Una Cosa Seria e Il Giuoco delle Parti (1918), muitas delas tendo origem nas suas novelas ou contos.
Em 1918 publica o primeiro volume do teatro sob o título Máscaras Nuas, título que é todo um programa. Pirandello concentra-se no problema da identidade. O eu existe apenas em relação aos outros; consiste na mudança de facetas que escondem um abismo inescrutável. Numa peça como Para Cada Um a Sua Verdade (1918), duas pessoas detêm percepções contraditórias sobre uma terceira pessoa. A protagonista de Vestir os Nus (1923) tenta firmar a sua identidade ao assumir diversas identidades; gradualmente apercebe-se da sua verdadeira posição na ordem social e no fim morre «nua», sem máscara social, aos seus próprios olhos e dos amigos. O conflito entre ilusão e realidade é central em A Vida Que Te Dei (1924) ou A Desconhecida (1930). A análise e dissolução de um eu unificado são levadas ao extremo em Seis Personagens à Procura de Autor (1921) onde o próprio palco, o símbolo da aparência versus realidade, é o centro da peça. Com esta peça, Pirandello conhece um êxito internacional que o leva aos principais teatros do mundo, de Berlim a Paris e a Nova Iorque. A sua produção teatral prossegue com Henrique IV e Vestir os Nus (1922), O Homem da Flor na Boca (1923), Ciascuno A Suo Modo (1924).
A partir de 1924, dirige, em Roma, o Teatro d’Arte que, durante três temporadas (até 1928), faz conhecer mundialmente o seu teatro. A intérprete por excelência da sua obra é Marta Abba, a quem Pirandello está ligado sentimentalmente. Com La Nuova Colonia (1928) inaugura uma série de textos que irão constituir o seu derradeiro ciclo, o dos «mitos» modernos, que culmina nos Gigantes da Montanha, texto inacabado. Desta sua última fase é também o texto Esta Noite Improvisa-se (1930) onde especula sobre a vida, a criação e o teatro.
Em 1931, esteve em Lisboa, no Congresso da Crítica, tendo assistido à estreia de Um Sonho, Mas Talvez Não, na companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Em 1934 é-lhe atribuído o prémio Nobel da Literatura. Morre, em Roma, a 10 de Dezembro de 1936.
Inês Pereira estreou-se no teatro em 2004 no Teatro Tapa Furos tendo entretanto trabalhado como atriz e, por vezes, assistente de encenação com os Primeiros Sintomas, o Teatro da Terra, o TEP, o Teatro do Eléctrico, Causas Comuns, Ruínas com directores como Bruno Bravo, Sandra Faleiro, Gonçalo Amorim, Maria João Luís, Ricardo Neves-Neves e Carlos Marques. É ainda vocalista do Conjunto Vigor. Nos Artistas Unidos participou em O Rio de Jez Butterworth (2016) e A Vertigem dos Animais Antes do Abate (2017).
João Meireles trabalhou com Luís Varela, Manuel Borralho, Ávila Costa, Adolfo Gutkin, Aldona Skiba-Lickel, José António Pires, o Pogo Teatro e o Teatro Bruto. Integra os Artistas Unidos desde 1995, onde participou, mais recentemente, em Jogadores de Pau Miró (2015), A Noite da Iguana de Tennessee Williams (2017), Tenho trinta anos, estou nas cadeias há quatro a partir de Luandino Vieira (2017) e A Vertigem dos Animais Antes do Abate (2017).
António Simão tem os cursos do IFICT (1992) e IFP (1994). Trabalhou com Margarida Carpinteiro, António Fonseca, Aldona Skiba-Lickel, Ávila Costa, João Brites, Melinda Eltenton, Filipe Crawford, Joaquim Nicolau, Antonino Solmer e Jean Jourdheuil. Integra os Artistas Unidos desde 1995, tendo participado recentemente em A Estupidez de Rafael Spregelburd, O Cinema de Annie Baker (2017), Tenho trinta anos, estou nas cadeias há quatro a partir de Luandino Vieira (2017) e Do Alto da Ponte de Arthur Miller (2018).