Letra Original:
Canções e Provérbios de William Blake
Proverb IThe pride of the pea-cock is the glory of God.
The lust of the goat is the bounty of God.
The wrath of the lion is the wisdom of God.
The nakedness of woman is the work of God.
LondonI wander thro’ each charter’d street,
Near where the charter’d Thames does flow
And mark in ev’ry face I meet
Marks of weakness, marks of woe.
In ev’ry cry of ev’ry Man,
In ev’ry Infant’s cry of fear,
In ev’ry voice, in ev’ry ban,
The mind-forg’d manacles I hear.
How the Chimney-sweeper’s cry
Ev’ry black’ning Church appalls,
And the hapless Soldier’s sigh
Runs in blood down Palace walls.
But most thro’ midnight streets I hear
How the youthful Harlot’s curse
Blasts the new-born Infant’s tear,
And blights with plagues the Marriage hearse.
Proverb IIPrisions are built with stones of Law,
Brothels with bricks of Religion.
The Chimney-sweeperA little black thing among the snow,
Crying ‘weep ‘weep in notes of woe!
Where are thy father and mother? say?
They are both gone up to the church to pray.
Because I was happy upon the heath,
And smil’d among the winter’s snow
They clothed me in the clothes of death,
And taught me to sing the notes of woe.
And because I am happy and dance and sing
They think they have done me no injury,
And are gone to praise God and his Priest and King
Who make up a heaven of our misery.
Proverb IIIThe bird a nest, the spider a web, man friendship.
A Poison TreeI was angry with my friend:
I told my wrath, my wrath did end.
I was angry with my foe:
I told it not, my wrath did grow.
And I water’d it in fears,
Night and morning with my tears;
And I sunned it with smiles,
And with soft deceitful wiles.
And it grew both day and night,
Till it bore an apple bright,
And my foe beheld it shine,
And he knew that it was mine.
And into my garden stole
When the night had veil’d the pole,
In the morning glad I see
My foe outstretch’d beneath the tree.
Proverb IVThink in the morning.
Act in the noon.
Eat in the evening.
Sleep the night.
The TygerTyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night:
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?
In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?
And what shoulder, and what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? and what dread feet?
What the hammer? what the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp
Dare its deadly terrors clasp?
When the stars threw down their spears,
And water’d heaven with their tears,
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?
Tyger! Tyger! burning bright
In the forests of the night:
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?
Proverb VThe tygers of wrath are wiser than the horses of instruction.
If the fool would persist in his folly he would become wise.
If others had not been foolish, We should be so.
The FlyLittle Fly,
the summer’s play
My thoughtless hand
Has brush’d away.
Am not I
A fly like thee?
Or art not thou
A man like me?
For I dance
And drink and sing:
Till some blind hand
Shall brush my wing.
If thought is life
And strength and breath
And the want
Of thought is death;
Then am I
A happy fly,
If I live,
Or if I die.
Proverb VIThe hours of folly are measur’d by the clock;
but of wisdom, no clock can measure.
The busy bee has no time for sorrow.
Eternity is in love with the productions of time.
Ah, Sun-flower!Ah, Sun-flower! weary of time,
Who countest the steps of the Sun;
Seeking after that sweet golden clime,
Where the traveller’s journey is done:
Where the Youth pined away with desire,
And the pale Virgin shrouded in snow,
Arise from their graves and aspire
Where my Sun-flower wishes to go.
Proverb VIITo see a World in a Grain of Sand,
And a Heaven in a Wild Flower,
Hold Infinity in the palm of your hand,
And Eternity in an hour.
Ev’ry Night and ev’ry MornEv’ry Night and ev’ry Morn
Some to misery are Born.
Ev’ry Morn and ev’ry Night
Some are Born to sweet delight.
Some are Born to sweet delight,
Some are Born to Endless Night.
We are led to Believe a Lie
When we see not Thro’ the Eye,
Which was Born in a Night, to perish in a Night,
When the Soul Slept in Beams of Light.
God appears and God is Light
To those poor Souls who dwell in Night,
But does a Human Form Display
To those who Dwell in Realms of Day.
Tradução para Português:
Canções e Provérbios de William Blake
Provérbio IO orgulho do pavão é a glória de Deus.
A luxúria da cabra é a liberalidade de Deus.
A ira do leão é a sabedoria de Deus.
A nudez da mulher é a obra de Deus.
LondresEu vagueio através de cada rua traçada,
Perto de onde o traçado Tamisa corre,
E observo em cada rosto que encontro
Marcas de fraqueza e preocupação.
Em cada grito de cada homem,
Em cada grito de criança, grito de receio,
Em cada voz, em cada imprecação,
Algemas do espírito eu ouço.
Como o grito do varredor de chaminé
Cada igreja escurecida intimida,
E o suspiro do infeliz soldado
Corre em sangue debaixo das paredes do Palácio.
Mas muitas vezes através das ruas à meia noite eu ouço
Como a maldição da jovem prostituta
Faz explodir as lágrimas da criança recém-nascida
E destrói com pragas o carro funerário do casamento.
Provérbio IIPrisões são construídas com pedras da Lei.
Bordéis com tijolos da Religião.
O Varredor de ChaminésUma pequena coisa preta entre a neve
gritando, chora, chora em notas de preocupação!
Onde estão o teu pai e atua mãe?
Eles foram ambos á igreja para a oração.
Porque eu fui feliz sobre a lareira
E sorri entre a neve de inverno,
Eles vestiram-me em traje de morte
E ensinaram-me a cantar notas de preocupação.
E porque eu sou feliz e danço e canto
Eles pensam que não me causaram injúria,
E foram louvar Deus e o seu Padre e Rei
Que fazem um céu da nossa miséria.
Provérbio IIIA ave – um ninho, a aranha – uma teia, o homem – a amizade.
Uma árvore de venenoEu zanguei-me com o meu amigo:
Eu soltei a minha cólera, a minha cólera acabou.
Eu zanguei-me com o meu inimigo:
Eu não a soltei, a minha cólera aumentou.
E eu banhei-a em receios,
Noite e dia com as minhas lágrimas;
E iluminei-a com sorrisos,
E com suaves astúcias enganosas.
E ela cresceu dia e noite,
Até que uma maçã brilhante suportou,
E o meu inimigo o seu brilho contemplou,
Mas ele sabia que ela era minha.
E saltando dentro do meu jardim roubou,
Quando pela noite o tronco escondido ficou,
E de manhã eu vejo, divertido,
O meu inimigo, debaixo da árvore, estendido.
Provérbio IVPensa de manhã.
Age ao meio-dia.
Come à tardinha.
Dorme de noite.
O TigreTigre! Tigre! ardendo em chamas
Nas florestas da noite:
Que imortal mão ou olho
Puderam estruturar a tua imponente simetria?
Em que distantes profundezas ou céus
Arde o fogo dos teus olhos?
Em que asas ousa ele elevar-se?
Que mão ousa agarrar o fogo?
E que ombro e que arte,
Podem torcer os nervos do teu coração?
E quando o teu coração começou a bater,
Que terríveis mãos? e que terríveis pés?
Que martelo? Que cadeia?
Em que fornalha esteve o teu cérebro?
Que bigorna? Que terríveis garras
Ousam os seus mortais terrores agarrar?
Quando as estrelas lançarem as suas lanças,
E banharem o céu com as suas lágrimas,
Sorrirá ele por ver a sua obra?
Ele que fez o cordeiro, fez-te a ti?
Tigre! Tigre! ardendo em chamas
Nas florestas da noite:
Que imortal mão ou olho
Ousou estruturar a tua imponente simetria?
Provérbio VOs tigres da ira são mais sábios que os cavalos de instrução.
Se um louco persistisse na sua loucura, ele tornar-se-ia sábio.
Se os outros não fossem loucos, Nós seríamos.
A MoscaPequena mosca,
ao teu jogo de verão
A minha irreflectida mão
Deu um empurrão.
Não sou eu
Uma mosca como tu?
Ou não és tu
Um homem como eu?
Porque eu danço
E bebo e canto:
Até que uma mão cega
Toque a minha asa.
Se pensamento é vida
E força e respiração
E o desejo
De pensamento é a morte;
Então eu sou
Uma feliz mosca
Quer eu viva
Quer eu morra.
Provérbio VIAs horas da loucura são medidas pelo relógio;
mas as da sabedoria nenhum relógio pode medir.
A abelha diligente não tem tempo para a tristeza.
A eternidade está no amor com os produtos do tempo.
Ah!, Girassol!Ah, Girassol! cansado do tempo,
Quem conta os passos do Sol,
Procurando essa doce região dourada,
Onde a jornada do viajante é realizada:
Onde o Jovem consumido de desejo,
E a pálida Virgem amortalhada de neve,
Se levantam das suas sepulturas e aspiram
Onde o meu Girassol deseja ir.
Provérbio VIIPara ver um Mundo num Grão de Areia,
E um Céu numa Flor Silvestre,
Segura a Infinidade na palma da tua mão,
E a Eternidade numa hora.
Em cada Noite e cada Manhã
Em cada Noite e cada Manhã
Alguns nascem para a Miséria.
Em cada Manhã e cada Noite
Alguns nascem para o doce prazer,
Alguns nascem para o doce prazer,
Alguns nascem para a Noite sem Fim.
Nós somos levados a acreditar numa mentira
Quando não vemos com os Olhos,
O que Nasceu numa Noite, para morrer numa Noite,
Quando a Alma Dormia em Feixes de Luz.
Deus aparece e Deus é a Luz
Para aquelas pobres almas que habitam na Noite,
Mas revela-se uma Forma Humana
àqueles que habitam nos Reinos do Dia.
Tradução – RDP – Maria de Nazaré Fonseca