Libreto: Salvatore Cammarano sobre obra de Garcia Gutièrrez
Estreia: (Roma) Teatro "Appollo", 11 de Janeiro de 1853
PersonagensLeonora
Manrico, o Trovador
Conde de Luna
Ferrando
Açucena
Inês, aia de Leonora
AntecedentesVictor Emmanuele Rei De Itália – iniciais V – E – R – D – I… Verdi.
"Oberto, Conde de São Bonifácio" foi levada pela primeira vez a cena, no Scala, em 1839. Essa estreia marcaria o início da carreira de Verdi como compositor de óperas – um percurso que ficaria intimamente ligado ao do Risorgimento italiano, o que contribuiria, de certa forma, para a enorme popularidade rapidamente alcançada pelo compositor no seu país.
Verdi benificiando do Risorgimento ou…
o Risorgimento aproveitando a popularidade de Verdi?
A verdade é que, passados apenas 10 anos sobre a estreia de "Oberto", o trabalho nas óperas já tinha trazido a Verdi uma fortuna considerável – por tal forma que poderia dar-se ao luxo de realizar um dos seus sonhos extra-musicais: o de comprar uma propriedade rural em Sant’Agata próximo de Busseto, onde passou a residir, e onde criou a parte mais importante da sua obra.
E é já em Sant’Agata, entre 1851 e 1853, que Verdi escreve as três óperas que assinalam a sua maturidade artística: "Rigoletto" , "O Trovador" e "La Traviata".
"Rigoletto", com um libreto de Francesco Maria Piave sobre um texto de Victor Hugo; "O Trovador" com um libreto de Salvatore Cammarano sobre um texto do espanhol Garcia Guttiérrez; "La Traviata" de novo com um libreto de Piave, desta vez sobre um texto de Alexandre Dumas (Filho).
A acção de "O Trovador" decorre em Espanha nos primeiros anos do século XV, e, antes de fazermos um breve resumo do 1º acto, achamos por bem referir alguns factos do enredo, anteriores ao início da acção, que irão torná-la mais compreensível.
O velho Conde de Luna teve dois filhos, quase da mesma idade, que foram visitados por uma Cigana, que se terá debruçado sobre o berço do mais jovem. A Cigana é presa e, como a saúde da criança começasse a deteriorar-se, o velho Conde conclui que a Cigana a tinha enfeitiçado e manda queimá-la numa fogueira. Açucena, filha da Cigana, assiste à morte da mãe e jura vingar-se, raptando o filho mais novo do Conde para o lançar nas chamas da fogueira. Só que, perturbada pela emoção, Açucena engana-se e, em vez do filho do Conde, lança às chamas o seu próprio filho. Decide então criar como seu o filho do Conde, ao qual dá o nome de Manrico. Manrico, o Trovador.
Quando a acção se inicia, o velho Conde já morreu sucedendo-lhe o seu filho mais velho como o novo Conde de Luna.
1.º ActoO 1º Quadro do 1º Acto passa-se no átrio do Castelo de Aliaferia, perto dos aposentos do Conde onde os Guardas estão alerta para capturar um Trovador que tem vindo fazer serenatas à Duquesa Leonora, a quem o Conde ama sem ser correspondido. Para passar o tempo, os Guardas pedem a Ferrando, o Comandante, que lhes conte a história do irmão do Conde – o que Ferrando faz entoando uma balada. Mais tarde, nos jardins do Castelo, numa escadaria que conduz aos aposentos de Leonora, a Duquesa confessa à sua aia Inês estar apaixonada por um Cavaleiro que se sagrou campeão num recente torneio. Leonora sabe que esse amor é correspondido já que todas as noites esse Cavaleiro-Trovador tem vindo cantar sob a sua janela. Quando Leonora e Inês se retiram para o interior do Castelo, chega aos jardins o Conde de Luna, no preciso instante em que se ouve, ao longe, a voz do Trovador. Acorrendo ao apelo, Leonora regressa e, tomando o Conde pelo Trovador, cai nos seus braços. É então que surge Manrico, que revela a sua verdadeira identidade, e que diz ter sido forçado a exilar-se em Aragão por ser partidário do Príncipe da Biscaia. O Trovador e o Conde batem-se em duelo e Leonora desmaia.
2.º ActoO 2º Acto inicia-se no acampamento dos Ciganos onde Açucena conta a Manrico aquilo que se passou com a sua mãe, morta pelo velho Conde de Luna, ao mesmo tempo que lhe revela os seus planos de vingança. Açucena diz ainda ter ficado surpreendida por Manrico ter poupado a vida ao jovem Conde quando o enfrentou no duelo, ao que Manrico responde "não ter sido capaz de o fazer, como se uma voz misteriosa lhe dissesse para não desferir o golpe mortal". A conversa é interrompida pelo chegada dum mensageiro do Príncipe da Biscaia. Nessa mensagem o Príncipe ordena a Manrico que assuma o comando das tropas que defendem a Fortaleza de Castellor. Mas o mensageiro é também portador duma outra notícia: acreditando na morte do Trovador, Leonora decidiu entrar para um Convento. É no claustro desse Convento que se passa a última cena do 2º Acto.
Aí chega o Conde de Luna com alguns dos seus homens decidido a raptar Leonora antes que ela faça os seus votos. Só que, antes que o Conde consiga levar avante o seu intento, chega o Trovador com os seus homens, e o Conde é repelido.
3.º ActoA acção do 3º Acto centra-se na Fortaleza sitiada de Castellor.
Fora da Fortaleza, os Soldados do Conde de Luna trazem à sua presença uma Cigana encontrada a rondar pela vizinhança. O Conde reconhece Açucena, a Cigana que ele julga ter morto o seu irmão mais novo, e ordena que ela seja morta na fogueira.
No interior da Fortaleza prepara-se o casamento de Manrico e Leonora, uma cerimónia que é interrompida pela notícia de que Açucena foi capturada pelos sitiantes e que irá ser queimada numa fogueira. Desesperado, Manrico desembainha a espada e parte em defesa daquela que ele julga ser a sua mãe.
4.º ActoA acção do 4º Acto passa-se no interior da Torre do Castelo de Aliaferia onde Manrico e Açucena estão aprisionados numa das masmorras aguardando o momento de serem executados. Leonora vai procurar o Conde, determinada a salvar o Trovador, seja qual for o preço que tenha de pagar. É assim que diz aceitar casar com o Conde desde que ele mande libertar Manrico e Açucena. O Conde aceita a proposta e Leonora toma um veneno que trazia escondido. Só depois procura o Trovador para o informar de que, ele e a mãe, podem partir em Liberdade. Mas o veneno já está a fazer efeito, e Leonora morre nos braços de Manrico. O Conde chega e ordena, de imediato, a execução do Trovador, obrigando a Cigana a assistir à sua morte de uma das janelas da Torre. É só depois da morte de Manrico que Açucena revela a verdadeira identidade do seu suposto filho, dizendo ao Conde de Luna que "ele acabou de matar o seu próprio irmão".
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1996 – 1 de Agosto
1998 – 3 de Setembro
2001 – 13 de Janeiro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.