Libreto: Richard Wagner
Estreia: (Dresden) Teatro Real, 19 de Outubro de 1845
PersonagensVénus
Tannhäuser
Um Jovem Pastor
Hermann, Senhor da Turíngia
Wolfram von Eschenbach
Walter von der Vogelweide
Biterolf
Heinrich
Reinmar von Zweter
Elisabeth
Um Jovem Peregrino
AntecedentesApesar de estreada apenas 3 meses depois de "Rienzi", "O Navio Fantasma" marca, de facto, a grande viragem no processo criativo de Richard Wagner, processo que se revelaria uma verdadeira ruptura com tudo aquilo que se fizera antes no campo da ópera – e, de certa forma, e salvo raras excepções, com aquilo que se viria a fazer depois. Com "O Navio Fantasma" o compositor abandona o velho conceito de ópera pelo de drama musical, enveredando por um caminho, só seu, que nunca abandonaria. "O Navio" põe definitivamente fim às tentativas de criação de óperas ao estilo franco-italiano, como acontecera com "Rienzi", vista ainda sob a perspectiva dum Meyerbeer ou dum Spontini. Com "O Navio" Wagner tentou reunir todos os recursos da cena musical, visando a Obra de Arte Total – um sonho que perseguiria até ao fim da sua vida. Wagner começou a escrever "O Navio Fantasma" em Paris, e foi em Paris que recebeu a notícia de que o Teatro de Dresden estava disposto a apresentar uma ópera sua. Parte, portanto, para Dresden no Verão de 1842. "O Navio" estreia em Janeiro de 1843, e Wagner é nomeado Mestre de Capela da Corte de Saxe – o que lhe vem trazer alguma segurança no campo económico. Apesar da sua intensa actividade como Maestro, Wagner não abandona os seus projectos criativos – apesar de alguns se prolongarem por vários anos, ou até dezenas de anos, como foi o caso do Anel. A seguir a "O Navio Fantasma" Wagner leva a cena uma nova ópera que se revelaria uma constante fonte de preocupações. Estamos a falar de "Tannhäuser".
Na verdade nenhuma outra ópera de Wagner sofreu tantas mudanças como "Tannhäuser" – isto ao longo de 20 anos. O mito do Trovador dividido entre os amores da deusa Vénus e de Santa Isabel da Turíngia tornara-se uma verdadeira obsessão para Wagner, que diria, pouco tempo antes de morrer, "dever ainda ao mundo um Tannhauser".
A estreia teve lugar no Teatro Real de Dresden no dia 19 de Outubro de 1845.
1.ºActoA acção decorre durante o Século XIII e a ópera inicia-se no Reino de Vénus onde o Cantor Tannhäuser se havia entregue às seduções da deusa.
Já se passou mais dum ano e ele tem saudades das pequenas aventuras dos mortais, implorando, em vão, à deusa que o deixe partir – o que consegue apenas quando invoca o nome da Virgem Maria provocando o desaparecimento imediato do Reino de Vénus.
O 2º quadro passa-se num vale no sopé de Wartburg onde um jovem Pastor toca a sua flauta. Passam Peregrinos a caminho de Roma. Tannhäuser, sentindo-se pecaminoso, roga à Virgem que o absolva das suas culpas. Surge um grupo de Caçadores chefiados pelo Senhor da Turíngia, entre os quais vem Wolfram von Eschenbach, antigo amigo de Tannhäuser. Os dois saúdam-se e o Cantor diz ao amigo que pretende partir para longe, mas Wolfram recorda-lhe que Elisabeth, a sobrinha do Senhor da Turíngia, continua à sua espera, confiante no seu amor. Tannhäuser, sentindo-se renascer com aquela notícia, decide ficar.
2.ºActoO 2º acto passa-se na sala dos Cantores em Wartburg onde Tannhäuser se encontra com Elisabeth que o recebe com grandes manifestações de alegria. O Senhor da Turíngia organiza um Torneio de Canto sobre o tema "definição do Amor". Wolfram, que também ama Elisabeth, canta as virtudes da jovem, enquanto Tannhäuser, que não consegue expulsar do pensamento as seduções de Vénus, entoa um hino em louvor da deusa, o que faz fugir da sala todas as mulheres, à excepção de Elisabeth, decidida a proteger o trovador da ira dos outros cavaleiros. O Senhor da Turíngia ordena-lhe então que parta para Roma para implorar o perdão do Papa.
3.ºActoO 3º acto passa-se no vale de Wartburg ao entardecer onde Wolfram, que renunciou ao amor de Elisabeth, vem com ela esperar os Peregrinos que vêm de Roma. Não vendo entre eles Tannhäuser, Elisabeth fica triste. Ele chega finalmente e desabafa a sua amargura a Wolfram dizendo que, perante a imensidão dos seus pecados, o Santo Padre declarara que eles só seriam redimidos quando florescessem rosas no báculo papal. Tendo perdido toda a Esperança, Tannhäuser quer regressar para junto de Vénus. A imagem da deusa aparece-lhe mas desvanece-se quando Wolfram evoca o nome de Elisabeth. Com surpresa Tannhäuser vê aproximar-se um cortejo fúnebre: Elisabeth morrera de desgosto e de piedade para com o pecador, rogando a sua salvação. Tannhäuser ajoelha perante o seu cadáver, beija-a pela última vez, e morre. Novos Peregrinos aparecem trazendo o báculo papal onde floresceram rosas, sinal de que Tannhäuser morrera purificado e perdoado.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1999 – 4 de Novembro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.