Passadas cinco décadas do inesquecível Barry Lyndon, o deslumbrante filme de época de Stanley Kubrick, no qual a música assume papel principal realçando toda a estética visual e contexto da ação, a Antena 2 assinala esta efeméride com um programa especial de Sérgio Azevedo.
11 Dezembro | 22h00
Por Sérgio Azevedo
Depois de Horizontes de Glória e Spartacus, a ideia de fazer um novo filme de “época” não era para Stanley Kubrick uma novidade em si. Mas a procura de uma dimensão maior na amplitude dos retratos e na magnificência dos olhares entrara na ordem do dia quando, depois de 2001: Odisseia no Espaço, o realizador tomou a vida de Napoleão como objetivo do filme seguinte, desenvolvendo um trabalho de investigação intenso e minucioso que chegou mesmo a gerar um guião, uma escolha de décors e um vasto leque de imagens com guarda-roupa e objetos de época quando, perante o fracasso de um outro filme contemporâneo sobre a batalha de Waterloo, o estúdio vacilou e retirou o entusiasmo (e o dinheiro) que seria fundamental investir.
O Napoleão de Kubrick não saiu do papel… Mas a vontade em fazer um filme de época não o abandonou. Em lugar do projeto abandonado nasceu o marcante Laranja Mecânica (1972), baseado no texto homónimo de Anthony Burgess. Por essa altura já havia pensado em adaptar ao cinema um romance de William Makepeace Thackery, escritor do século XIX com frequentes olhares satíricos sobre a sociedade do seu tempo. Optaria então por partir de The Luck of Barry Lyndon, um livro seu com ação centrada em meados do século XVIII, acompanhando as atribuladas etapas de vida de um irlandês com espírito resoluto e alma de aventureiro que tudo teve e tudo depois perdeu.
Se o trabalho de investigação para o biopic sobre Napoleão (do qual uma edição da Taschen disponibilizou o vasto material escrito e visual recolhido por Kubrick) foi meio caminho andado nesse departamento, já a rodagem propriamente dita abraçou a dimensão exuberante que o filme traduz, sublinhando o perfecionismo com que o cinema do realizador já então radicado no Reino Unido encarava cada novo desafio.
E foi para este filme que a Zeiss aceitou o desafio de criar lentes que permitissem a Kubrick filmar à luz das velas, sendo esta uma entre as muitas histórias de um filme notável, estreado há 50 anos, que agora é evocado num especial de Sérgio Azevedo para a Antena 2.
Nuno Galopim
