3ª edição
CriaSons é um Festival inédito dedicado às tendências da música de câmara portuguesa contemporânea.
Na sua 3ª edição, continua a apostar na criação musical contemporânea, promovendo o ecletismo musical, cruzamentos e interações estéticas e artísticas, com a encomenda de obras inéditas a reconhecidos compositores do panorama musical português.
António Victorino D’Almeida, Carlos Azevedo, Mário Laginha, Pedro Caldeira Cabral e Tiago Derriça são os anfitriões deste Festival que apresenta 15 concertos por eles desenhados, e que incluem também obras de cinco compositores emergentes, selecionados em concurso.
Este ano, os selecionados são os compositores Daniel da Mata, Francisco Fontes, João Fonseca e Costa, Luís Salgueiro, Victor Castro.
A Direcção Artística do Festival está a cargo do maestro Brian MacKay, que também preside ao júri do Concurso de Compositores Emergentes Criasons.
Esta edição conta com o especial acolhimento do Teatro Nacional de São Carlos, onde são apresentados, em estreia, todos os programas.
Os restantes concertos têm lugar em Madrid, Figueira da Foz, Almada, Porto, Évora, Ferreira do Zêzere e Tomar.
Todos os concertos no TNSC são gravados pela Antena 2 para posterior transmissão.
5º concerto | 17 Fevereiro | 18h30
Teatro Nacional de São Carlos
Programa Pedro Caldeira Cabral
Duncan Fox, contrabaixoQuarteto Lopes-Graça
Luís Pacheco Cunha, violino
Maria José Laginha, violino
Isabel Pimentel, violeta
Catherine Strynckx, violoncelo
Programa
Alejandro Erlich Oliva (1948) – Variações Bitemáticas
para quinteto de cordas dedicada ao Quarteto Lopes Graça, em estreia absolutaPedro Caldeira Cabral (1950)
– Dança das Sombras Gestos Momentos
para cítara portuguesa solo
– Castro d’Aire
para cítara portuguesa e quarteto de cordas (harmonização e instrumentação de Duncan Fox)
– Baile dos Caretos Astoriana
para cítara portuguesa e contrabaixo
Carlos Paredes (1925-2004); Pedro Caldeira Cabral– Fantasia Verdes Anos
para cítara portuguesa solo
Pedro Caldeira Cabral & Alejandro Erlich Oliva – Fantasia Bicéfala
para cítara portuguesa e quinteto de cordas
Obra em estreia absoluta, composta para o Festival Criasons III
Tempos e Modos da Cítara Portuguesa
A cítara portuguesa tem vindo a despertar o interesse crescente do público atento à fruição de géneros musicais diferentes do uso popular deste instrumento no acompanhamento do fado.A sua apresentação no contexto de festivais de música clássica é cada vez mais frequente. Para tal temos contribuído, desde a década de 1970, com a criação de um novo repertório solístico alargado, constituído por composições originais e transcrições de peças de música do passado originalmente concebidas para instrumentos de corda dedilhada da tradição europeia (cítara, alaúde, viola de mão) ou os de tecla (cravo e pianoforte) de cuja identidade tímbrica se aproxima. Desde a sua origem, no século XVI, este cordofone era conhecido entre nós pelo nome de cítara e tocado nos meios aristocráticos, abrangendo o seu repertório vários géneros: o acompanhamento do canto, a execução de peças de dança, as versões transcritas de canções polifónicas, simples ou glosadas e de fantasias instrumentais a solo. Integrava também frequentemente os conjuntos vocais e instrumentais, realizando uma função harmónica e rítmica, a par das violas, da harpa, do cravo e do órgão. Na segunda metade do século XVIII a cítara foi renomeada guitarra, sendo revalorizada socialmente em Inglaterra e em Portugal e usada em contexto doméstico a solo e em pequenos grupos de música de câmara (cravo, violino, violoncelo ou trompas, etc.). No século XX em Portugal, após a criação da rádio e da edição fonográfica, a tradição musical popular do uso da cítara no fado e no folclore fez esquecer a prática musical anterior de tradição escrita. Os solos de concerto e a música de câmara ficaram também ignorados até à década de 1970. Um dos contributos da minha prática musical actual é a diversidade de estilos de composição e combinações instrumentais, tendo como instrumento solístico a cítara portuguesa. O formato de câmara em trio, em quarteto ou em pequenas orquestras de cordas tem sido regularmente praticado por mim com base num repertório que cruza as obras clássicas com peças de cariz popular e com as minhas composições originais. Desde a década de 1970 que as minhas actuações e gravações com a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, a Orquestra Sinfónica de Londres (LSO), a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Sinfonietta de Lisboa, a Orquestra de Câmara do Centro ou a Orquestra de Câmara da Madeira demonstram a capacidade e o interesse em integrar a cítara portuguesa nestes conjuntos instrumentais, ainda que pontualmente. O século XX assistiu à requalificação social e musical do instrumento, entretanto elevado à categoria de símbolo identitário, frequentemente incluído em representações pictóricas eruditas (de Mário Eloy, Cândido da Costa Pinto a Júlio Pomar e Graça Morais), citado pelos mais famosos poetas (de Fernando Pessoa e Sophia de Mello Breyner Andersen a Manuel Alegre). A cítara portuguesa de hoje entrou definitivamente na categoria de instrumento de concerto, apreciada internacionalmente, representada por um conjunto alargado de intérpretes, apostados na divulgação das várias vertentes que constituem o seu reportório, bem ilustrado no programa deste concerto. A presença autoral de Alejandro Erlich Oliva neste programa constitui mais um passo numa cumplicidade artística de décadas. As suas Variações Bitemáticas para quinteto de cordas e a “nossa” Fantasia Bicéfala abrem e fecham respectivamente o serão, ambas em primeira audição absoluta. Pedro Caldeira Cabral, 2020
Gravação pela Antena 2
para posterior transmissão
Produção: Anabela Luís
Mais tarde, estuda teoria musical, composição, história da música e música antiga, com Artur Santos, Jorge Peixinho, Pilar Torres e Santiago Kastner, entre outros.
Desenvolve como compositor, um estilo original próprio para cítara portuguesa solista, compondo também música de câmara para Teatro, Cinema e Bailado.
Fundou e dirige os grupos La Batalla (1984) e Concerto Atlântico (1991) especializados na interpretação de Música Antiga em instrumentos históricos.
Em 1987, funda e dirige o Centro de Estudos e Difusão de Música Antiga, apresentando as primeiras restituições modernas do Cancioneiro de D. Dinis, Cancioneiro de Estevão da Guarda e Cancioneiro de D. João Peres d’Aboim, entre muitos outros programas.
Foi responsável pela direção artística do Festival de Guitarra Portuguesa na Expo 98, em Lisboa. No âmbito da sua atividade de investigação organológica, a Ediclube publicou em 1999 o livro “A Guitarra Portuguesa”, de que é autor.
Em 2002 comissariou a exposição “À Descoberta da Guitarra” no Museu Abade de Pedrosa, integrando o Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso.
Nos anos de 2000 a 2010 dirigiu o Festival de Música Medieval de Carrazeda de Ansiães. Entre 2007/2012 dirigiu o ciclo de concertos “O Som das Musas”, em Vila Flor.
Fez a curadoria da exposição “O Som da Saudade – A Cítara Portuguesa ” apresentada no Museu do Fado, em Lisboa, em 2019.
Da sua vasta e variada discografia, salienta-se a concepção e publicação de dezasseis CDs como solista de cítara portuguesa, para as editoras internacionais EMI, RCA, GHA, BMG, FENN- Musik e para as nacionais Tecla, Orfeu, Radical Media, Foco Musical, Tradisom, Primetime, etc.
Prepara atualmente a publicação de um novo livro da sua autoria intitulado “Instrumentos Musicais Populares em Portugal”. Tem-se apresentado na qualidade de solista em inúmeros concertos nas principais salas e festivais da Europa, EUA, Hawaii, Turquia, Tunísia, Marrocos, Colombia, Brasil e China.
Desde 1993 vive e trabalha em Lisboa, integrando a Orquestra Sinfónica Portuguesa (Coordenador de Naipe Adjunto), o Trio de Pedro Caldeira Cabral e o Concerto Atlântico.
Desde então, o QL-G soube afirmar-se como agrupamento de referência na sua área, tendo atuado nas mais importantes salas e eventos musicais do país – Festa da Música e Dias da Música do Centro Cultural de Belém – edições de 2005, 2006, 2008, 2009 e 2011, Casa da Música / Porto, Grande Auditório da Culturgeste, Teatro de São Luíz, Teatro da Trindade, Teatro D. Maria II (17 de Dezembro de 2006 – centenário do aniversário de Fernando Lopes-Graça), temporada Em Busca de um Salão Perdido (Salão Nobre do Conservatório), Festival de Música de Paços de Brandão, Centro de Artes de Belgais, Encontros de Música do Alentejo 2009, por várias ocasiões nas temporadas do Eborae Música, em Évora, no primeiro aniversário do Centro Artístico de Braço de Prata, em Lagos (Al-Cultur 2009), Santarém (Inauguração da Biblioteca do Ginásio), Almada (Capuchos e Auditório L. Graça), Cascais (Museu da Música Portuguesa), Funchal (Teatro Baltazar Dias), Marvão, Castelo de Vide, Caldas da Rainha, Caminha, Pombal, Viana do Castelo e em muitos outros projectos e espaços culturais. Realizou ainda várias tournées aos Açores onde actuou com o Coral Vox Cordis.
Contemplado, por diversas ocasiões, com apoios do Ministério da Cultura, realizou concertos em vários pontos do país, nomeadamente no âmbito do Festival CRIASONS, um evento dedicado à composição portuguesa contemporânea. É aliás este desígnio – a divulgação da nova música portuguesa – que tem inspirado a acção do QL-G nos anos mais recentes, realizando com frequência primeiras audições de obras que lhe são dedicadas por compositores nacionais.
Deslocou-se a Andorra, em 2010, com um programa vocacionado para a divulgação da cultura portuguesa naquele Principado. Em 2013 realizou uma digressão de um mês ao Brasil, no âmbito do evento Portugal no Brasil, com concertos em Curitiba, Brasília e Sorocaba. Em 2014 participou, com três concertos, no XII Festival Internacional de Música Contemporânea de Lima, Peru.
Fez uma digressão à Argentina, tendo actuado nas mais prestigiadas salas da capital (Teatro Colón e Usina del Arte) e realizado uma Master-Class no Instituto Superior de Arte do Teatro Colón.
Editou em Maio de 2009 o seu primeiro projecto discográfico – um CD com obras de Fernando Lopes-Graça e António Victorino d’Almeida (obra dedicada) [Numérica 1182 | 2009]. Um novo álbum, editado em 2011 (em conjunto com o Opus Ensemble e o Duo Contracello) fez o registo das obras estreadas no Festival CRIASONS [Numérica 1218 | 2011]. Editou mais dois CDs com a obra integral de Fernando Lopes-Graça para Quarteto e Piano, com Olga Prats [Toccata Classics 0253 | 2014 e 0254 | 2015].