Libreto: Alphonse Royer e Gustave Vaëz sobre o libreto de Temistocles Solera
Estreia: (Paris) Operá, 26 de Novembro de 1847
PersonagensGaston, Visconde de Béarn
Hélène, filha do Conde de Toulouse
Isaura
Conde de Toulouse
Roger, seu filho
Raymond, escudeiro de Gaston
Adhémarde Monteil, enviado do Pápa
Um Soldado
O Emir de Ramla
Um Oficial do Emir
Um Arauto
AntecedentesDurante o Verão de 1847 Verdi assinou um contrato com a Ópera de Paris comprometendo-se a apresentar em Novembro um novo trabalho escrito propositadamente para aquela sala. Tal como já acontecera com Rossini e Donizetti, Verdi escolheu recorrer a uma das suas antigas óperas, "I Lombardi" com a qual obtivera um enorme sucesso no Scala quatro anos antes – ópera que escreveu e rescreveu juntamente com os libretistas Alphonse Royer e Gustave Vaëz. Do libreto original de Temistocles Solera pouco seria aproveitado, se exceptuarmos o facto de ambas as acções se desenrolarem durante uma das Cruzadas. Quanto às personagens… os apaixonados Giselda e Oronte tornaram-se em Hélène e Gaston, e os irmãos Arvino e Pagano passaram a ser o Conde de Toulouse e Roger. Além de acrescentar um bailado Verdi introduziu outras importantes mudanças estruturais acrescentando muita música nova, e retirando trechos que achou fracos ou pouco apropriados, tendo sobrevivido de facto um número relativamente diminuto de trechos da ópera primitiva.
A esta versão francesa de "I Lombardi" deu Verdi o título de "Jerusalem".
A sua estreia em Paris, em Novembro de 1847, teve um grande sucesso. Porém, curiosamente, apesar de ser em muitos aspectos de qualidade superior à ópera sobre a qual foi estruturada, "Jerusalem" não conquistou um lugar nos teatros de ópera europeus sendo raramente levada a cena.
1.º ActoO 1º acto passa-se no castelo do castelo do Conde de Toulouse. A sua filha, Hélène, despede-se do seu amado Gaston que se mostra disposto a reconciliar-se com o Conde se este se não opuser ao casamento. Gaston parte e Hélène ajoelha-se e reza uma Avé Maria.
Segue-se um interlúdio orquestral que descreve o nascer do Sol enquanto que no palco começam a surgir diversos membros da corte que celebram o fim da guerra. Chega o Conde na companhia de outros cavaleiros que se preparam para partir em Cruzada. O Conde foi posto ao corrente da intenção conciliatória de Gaston, a quem matara o pai, e declara estar disposto a fazer as pazes selando o pacto com o casamento de Gaston com a sua filha. Todos se regozijam, à excepção de Roger, irmão da noiva, que tem uma secreta e incestuosa paixão por Hélène. É assim que ordena a um soldado que mate Gaston, indicando-o como sendo um dos dois cavaleiros com armadura dourada, aquele que traz uma capa branca. Os dois cavaleiros com armadura dourada são Gaston e o Conde. O soldado cumpre a ordem durante uma celebração religiosa na capela do castelo, só que confunde os dois cavaleiros e, em vez de Gaston, fere o Conde. Ao compreender o engano tenta remediá-lo acusando Gaston de ser o mandante do crime. Ao ouvir isto Adhémarde Monteil, o enviado do Papa, condena Gaston ao exílio lançando sobre ele um anátema.
2.º ActoA acção do 2º acto passa-se nas montanhas de Ramla na Palestina quatro anos mais tarde.
Escondido numa caverna Roger lamenta ter mandado assassinar o noivo da irmã bem como ter deixado que a culpa lhe fosse atribuída. Chega Raymond, escudeiro de Gaston, com notícias dos cruzados que, tal como ele, se encontram numa situação desesperada, mortos de fome e de sede. Roger parte em seu auxílio. Instantes mais tarde chega Hélène que, ao reconhecer o escudeiro, lhe pergunta novas do seu amado. Raymond diz que Gaston está vivo mas que se encontra prisioneiro na cidade. Hélène parte para tentar libertá-lo. Chega depois um grupo de peregrinos também devastados pela sede. Entre eles está o Conde, recuperado do atentado de havia quatro anos. Não reconhecendo o filho, disfarçado de ermita, pede-lhe a sua benção. Mas Roger recusa dizendo preferir acompanhá-los na batalha que se aproxima.
Entretanto em Ramla, no palácio do emir, Gaston recorda Hélène que julga não ir ver nunca mais. Só que, para sua surpresa, vê-a chegar na companhia do Emir que a encontrara a errar pelas redondezas.
3.º ActoO 3º acto inicia-se nos jardins do harém do Emir onde Hélène está prisioneira, pedindo a Deus, em oração, que lhe restitua a Liberdade. Chega Gaston seguido pelos cruzados, entre os quais está o Conde que acusa a filha de persistir no amor pelo homem que o tentara assassinar. O Conde separa os dois apaixonados e leva a filha consigo.
Mais tarde, na praça da cidade de Ramla, Gaston escuta a sua sentença de morte proferida pelos cruzados que o acusam de ter atentado contra a vida do Conde de Toulouse. Gaston diz que está inocente mas os seus protestos não são aceites. Pede então que apressem a execução para poder receber o julgamento de Deus que conhece a sua inocência.
A última cena passa-se no campo dos cruzados em Jahoshaphat, e inicia-se com uma procissão. Hélène e Roger, seu irmão, ficam para trás da multidão dos fiéis para darem uma última benção ao Gaston que deverá ser executado. Ao longe ouvem-se os sons da batalha, e Gaston e Roger decidem juntar-se aos combatentes.
Depois da batalha o Conde chega à sua tenda acompanhado por um cavaleiro desconhecido que lutara corajosamente ao seu lado, e anuncia a vitória sobre os inimigos. Então o cavaleiro revela a sua identidade: ele é Gaston, o condenado. Os soldados trazem Roger, mortalmente ferido. Roger, que todos julgavam ser um ermita, diz quem é, e implora misericórdia para Gaston, que diz ter sido injustiçado.
A ópera termina com um hino de louvor a Deus.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
1997 – 23 de Janeiro
2001 – 22 de Março
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.