Libreto: Tomestocle Solera de libreto de Antonio Piazza ("Rocester")
Estreia: (Milão) Teatro alla Scala, 17 Novembro 1839
Personagens
Oberto
Leonora
Cuniza
Riccardo
Imelda
AntecedentesGiuseppe Verdi terá escrito 28 óperas. Dissemos "terá" propositadamente – já que o mistério da sua, ou das suas, primeiras óperas ainda está por decifrar. Diz-se que a 1ª ópera escrita por Verdi, aos 22 anos, terá sido "Rocester", recusada pelo Teatro de Parma, e cujo manuscrito se terá perdido.
Fala-se também duma 2ª ópera, "Lord Hamilton", com libreto de Antonio Piazza. E diz-se que terá sido com base neste libreto, profundamente modificado, que Temistocle Solera terá escrito um novo libreto para uma 3ª ópera que viria a ser apresentada no Scala no dia 17 de Novembro de 1839.
É com base nestas suposições que se deduz que "Oberto" não terá sido a 1ª mas sim a 3ª ópera de Giuseppe Verdi.
A verdade é que, quer tenham ou não existido "Rocester" e "Lord Hamilton", não restam dúvidas de que a 1ª ópera de Verdi levada a cena foi mesmo "Oberto", recebida com grande entusiasmo pelo público do Scala – por tal forma que o teatro lhe encomendou de imediato três novas óperas para serem apresentadas durante as temporadas seguintes.
1.º ActoA acção passa-se em 1228 quando Oberto, Conde de San Bonifacio, derrotado por Ezzelino da Romano, se vê obrigado a ceder as suas terras aos Condes de Salinguerra, buscando exílio em Mântua, e deixando a filha, Leonora, em Verona à guarda duma velha tia. Leonora é seduzida por um jovem que se apresenta sob uma falsa identidade, e que depois a abandona. Esse jovem é o próprio conde Riccardo de Salinguerra que, depois dessa aventura amorosa, pede em casamento Cuniza, irmã de Ezzelino, e princesa do Castelo de Bassano. A ópera inicia-se precisamente no dia do casamento de Riccardo e de Cuniza, quando o conde é aclamado pelo povo ao dirigir-se para o castelo. Riccardo não esconde a sua felicidade, motivada não tanto pelas núpcias como pela ascendência ao trono. Leonora aproxima-se furtivamente do castelo queixando-se da traição de Riccardo. E é também para o castelo que se dirige Oberto, informado que fora pela irmã do que se passara, e decidido a punir a filha e o seu sedutor. Quer o Acaso que Oberto e Leonora se encontrem, e que a jovem obtenha o perdão do pai ao mostrar-se igualmente determinada a exigir uma reparação da ofensa. É assim que acabam por continuar juntos a caminhada.
Entretanto, no castelo, Cuniza recorda a sua infância feliz, ao mesmo tempo que manifesta alguma angústia em relação ao casamento. Riccardo chega e tenta contagiá-la com a sua alegria. Pouco depois chegam Oberto e Leonora que pedem a Imelda, confidente de Cuniza, para serem recebidos pela princesa. Cuniza recebe-os, e, perante os factos relatados, decide confirmar pessoalmente a veracidade das acusações. Depois de pedir a Oberto que se mantenha escondido num quarto próximo, Cuniza fica com Leonora para se confrontarem com o sedutor. Ao entrar na sala, e ao ver Leonora, Riccardo sente-se gelar. Mas rapidamente regressa à sua habitual falsidade acusando a jovem de o ter traído, e dizendo que fora ela quem o obrigara a afastar-se. Não resistindo a uma tal afronta, Oberto entra e desafia Riccardo para um duelo. Face a debilidade das justificativas de Riccardo perante a indignação de Oberto e Leonora, Cuniza vê justificados os seus temores compreendendo a verdadeira natureza do seu noivo.
2.º ActoO 2º acto inicia-se com Imelda informando a princesa de que Riccardo deseja falar-lhe. Não estando disposta a escutar mais falsas acusações, Cuniza está determinada a obrigar Riccardo a cumprir a jura feita a Leonora.
Entretanto Oberto enviara um mensageiro para desafiar Riccardo para um duelo, e espera-o impacientemente nos jardins do castelo. É surpreendido por alguns cavaleiros, acreditando ter sido traído pelo mensageiro. Apesar de saber estar sob a protecção da princesa, não correndo o risco de ser preso, Oberto continua dominado pela desconfiança, e pelo desejo de se vingar. Mal Riccardo aparece, volta a desafiá-lo para um duelo acabando por conseguir convencê-lo apesar da diferença de idades.
Cuniza e Leonora chegam no instante em que os dois se preparam para o confronto. Indignada, Cuniza acusa Riccardo de covardia, enquanto Leonora compreende que, apesar de todas as humilhações, ainda ama o traidor. Cuniza entende esse sentimento e, afastando generosamente a sua própria tristeza, ordena, diante de todos, que Riccardo repare o seu erro casando-se com Leonora. Oberto finge aceitar, mas, às escondidas, volta a desafiar Riccardo acusando-o de covardia se não fingir também aceitar essas núpcias reparadoras para, em seguida, se ir defrontar com ele nos bosques vizinhos. Esta cena de reconciliação não convence nenhum dos presentes, e, enquanto os cavaleiros comentam com cepticismo o que se passou, Riccardo mata Oberto em duelo fugindo em seguida presa dos remorsos.
Cuniza e Imelda inquietam-se com a ausência dos dois homens quando chega a notícia da morte de Oberto. Leonora fora procurar o pai que encontrara já sem consciência. Tendo desmaiado, é levada em braços pelos cavaleiros. Cuniza tenta em vão consolá-la, enquanto se debate com o sentimento de culpa e uma angústia inexplicável. É então que chega um mensageiro com uma carta de Riccardo: ele diz que fugiu, implora o perdão de Leonora enquanto lhe oferece de novo a sua mão e os seus bens. Profundamente magoada e desgostosa, Leonora diz que decidiu acabar os seus dias num convento. Depois… volta a desmaiar. A ópera termina com todos lamentando Leonora amargamente.
RDP – Transmissões em "Noite de Ópera" desde 1996
2001 – 8 de Novembro
Enredo resumido da autoria de Margarida Lisboa.