Letra Original:
As Noites de Verão, op. 7 (Poemas de Théophile Gautier)
Villanelle [Villanelle rythmique]Quand viendra la saison nouvelle,
Quand auront disparu les froids,
Tous les deux nous irons, ma belle,
Pour cueiller le muguet aux bois.
Sous nos pieds égrenant les perles,
Que l’on voit au matin trembler,
Nous irons écouter les merles
Siffler.
Le printemps est venu, ma belle,
C’est le mois des amants béni;
Et l’oiseau, satinant son aile,
Dit ses (des) vers au rebord du nid.
Oh! Viens donc sur ce (le) banc de mousse
Pour parler de nos beaux amours,
Et dis-moi de ta voix si douce:
«Toujours!»
Loin, bien loin, égarant nos courses,
Faisant (Faisons) fuir le lapin caché,
Et le daim au miroir des sources,
Admirant son grand bois penché;
Puis chez nous, tout heureux (joyeux), tout aises,
En paniers, enlaçant nos doigts,
Revenons, rapportant des fraises
Des bois.
Le Spectre de la RoseSoulève ta paupière close
Qu’effleure un songe virginal!
Je suis le spectre d’une rose
Que tu portais hier au bal.
Tu me pris encore emperlée
Des pleurs d’argent de l’arrosoir,
Et, parmi la fête étoilée,
Tu me promenas tout le soir.
Ô toi, qui de ma mort fus cause,
Sans que tu puisses le chasser,
Toutes les nuits (Tout la nuit) mon spectre rose
À ton chevet viendra danser.
Mais ne crains rien, je ne réclame
Ni messe ni De Profundis,
Ce léger parfum est mon âme,
Et j’arrive du paradis.
Mon destin fut digne d’envie,
Et pour avoir un sort (trépas) si beau
Plus d’un aurait donné sa vie;
Car sur ton sein j’ai mon tombeau,
(Car j’ai ta gorge pour tombeau,)
Et sur l’albâtre où je repose
Un poète avec un baiser
Écrivit: «Ci-gît une rose,
Que tous les rois vont jalouser.»
Sur les Lagunes: Lamento [Lamento: La Chanson du pêcheur] Ma belle amie est morte,
Je pleurerai toujours;
Sous la tombe elle emporte
Mon âme et mes amours.
Dans le ciel, sans m’attendre,
Elle s’en retourna;
L’ange qui l’emmena
Ne voulut pas me prendre.
Que mon sort est amer!
Ah! sans amour, s’en aller sur la mer!
La blanche créature
Est couchée au cercueil;
Comme dans la nature
Tout me parâit en deuil!
La colombe oubliée
Pleure et songe à absent;
Mon âme pleure et sent
Qu’elle est dépareillée.
Que mon sort est amer …
Sur moi la nuit immense
S’étend comme un linceul.
Je chante ma romance
Que le ciel entend seul.
Ah! Comme elle était belle
Et comme je l’aimais!
Je n’aimerai jamais
Une femme autant qu’elle.
Que mon sort est amer …
L’AbsenceReviens, reviens, ma bien-aimée!
Comme une fleur loin du soleil,
La fleur de ma vie est fermée
Loin de ton sourire vermeil!
Entre nos coeurs, quelle (tant de) distance!
Tant d’espace entre nos baisers!
Ô sort amer, ô dure absence!
Ô grands désirs inapaisés!
Reviens, reviens, ma bien-aimée …
D’ici là-bas que de campagnes,
Que de villes et de hameaux,
Que de vallons et de montagnes,
À lasser le pied des chevaux!
Reviens, reviens, ma bien-aimée …
Au Cimetière: Clair de Lune [Lamento]
Connaissez-vous la blanche tombe,
Où flotte avec un son plaintif
L’ombre d’un if?
Sur l’if une pâle colombe,
Triste et seule au soleil couchant,
Chante son chant:
Un air maladivement tendre,
À la fois charmant et fatal,
Qui vous fait mal
Et qu’on voudrait toujours entendre;
Un air comme en soupire aux cieux
L’ange amoureux.
On dirait que l’âme éveillé
Pleure sous terre à l’unisson
De la chanson,
Et du malheur d’être oubliée
Se plaint dans un roucoulement
Bien doucement.
Sur les ailes de la musique
On sent lentement revenir
Un souvenir.
Une ombre, une (de) forme angélique,
Passe dans un rayon tremblant,
En voile blanc.
Les belles de nuit demi-closes
Jettent leur parfum faible et doux
Autour de vous.
Et le fantôme aux molles poses
murmure en vous tendant les bras:
Tu reviendras?
Oh! jamais plus, près de la tombe,
Je n’irai, quand descend le soir
Au manteau noir,
Écouter la pâle colombe
Chanter sur la pointe (branche) de l’if
Son chant plaintif.
*Le texte original et les titres de Gautier ont été rétablis entre crochets.
Tradução para Português:
As Noites de Verão, op. 7 (Poemas de Théophile Gautier)
VilancetQuando a nova estação chegar,
Quando o frio desaparecer,
Nós dois iremos, minha amada,
Aos bosques lírios colher,
Sob os nossos pés espalhando as pérolas
Que, pela manhã, se vêem tremular,
Nós iremos dos melros escutar
A sua canção.
A primavera chegou, minha amada,
É a estação dos enamorados abençoada;
E a ave, acetinando a sua asa,
Converte versos em trinados à beira do seu ninho
Oh! vem sentar-te neste banco de musgo
Para falar do nosso belo amor
E diz-me com a tua voz tão suave:
«Sempre»
Longe, bem longe, perdendo-nos no caminho,
Façamos fugir o coelho escondido
E o veado, no espelho das fontes,
Admirando os seus grandes galhos, inclinado;
Depois regressemos a casa felizes e contentes,
Entrelaçando os dedos como cestos,
Transportando morangos silvestres
Dos bosques.
O Espectro da RosaLevanta a tua pálpebra fechada
Tocada por um sonho virginal!
Eu sou o espectro de uma rosa
Que tu, no baile, usaste na noite passada.
Tu me colheste ainda com pérolas,
Do chuveiro de prata refrescada,
E entre a festa estrelada
Tu me passeaste toda a noite.
Ó tu que da minha morte foste a causa,
Sem que tu possas escapar,
Todas as noites o meu espectro se levantará
E à cabeceira da tua cama virá dançar.
Mas nada receeis, eu não reclamo
Nem missa nem De Profundis,
Esta fragrância é a minha alma
E eu venho do Paraíso.
O meu destino foi digno de inveja,
E para ter uma sorte tão bela
Muitos teriam dado a sua vida,
Porque sobre o teu seio eu tenho o meu Túmulo
E sobre o alabastro onde eu repouso,
Um poeta, com um beijo,
Escreveu: "Aqui jaz uma rosa,
Que todos os reis vão invejar:
Nas Lagunas: Lamento [Lamento: a canção do pescador]A minha amada está morta,
Eu chorarei para sempre.
No seu túmulo ela leva consigo
A minha alma e o meu amor.
Sem esperar por mim,
Ela regressou ao céu.
O anjo que a conduziu
Não quis levar-me também
Como é amargo o meu destino!
Ah! sem amor, partir para o mar!
Branca, jaz no seu esquife
A doce criatura.
E tudo na natureza
Parece vestir-se de luto!
A pomba abandonada
Chora e pensa na ausente.
A minha alma chora e sente
Que está desirmanada.
Como é amargo o meu destino …
Sobre mim a noite imensa
Estende-se como uma mortalha.
Eu canto a minha triste balada
Que só o céu pode ouvir.
Ah! como ela era bela
E como eu a amava!
Eu jamais amarei
Outra mulher quanto ela.
Como é amargo o meu destino …
A AusênciaRegressa, regressa, minha bem amada!
Como uma flor longe do sol,
A flor da minha vida está fechada,
Longe do teu sorriso de rubi.
Entre os nossos corações tanta distância,
Tanto espaço entre os nossos beijos!
Ó sorte amarga! Ó dura ausência!
Ó grandes desejos não apaziguados!
Regressa, regressa, minha bem amada …
Entre nós tantas campinas,
Tantas cidades e aldeias,
tantos vales e montanhas,
Para cansar os cascos dos cavalos.
Regressa, regressa, minha bem amada …
No Cemitério: Luar [Lamento]Conheceis o branco túmulo
Onde flutua com um som plangente
A sombra de um cipreste?
Sobre o cipreste uma pálida pomba,
Triste e só ao Sol poente,
Canta o seu cântico.
Uma ária doentiamente terna,
Simultaneamente encantadora e fatal,
Que vos faz mal
E que se desejaria ouvir para sempre;
Uma ária como suspiro nos céus
De um anjo enamorado.
Dir-se-ia que a alma despertada
Chora debaixo da terra juntando-se
À canção,
E da tristeza de ser esquecida
Se queixa como a pomba
Muito suavemente.
Nas asas da música
Sente-se uma lembrança
Lentamente regressar.
Uma sombra, uma forma angélica,
Passa num raio a tremular
De véu branco.
As boas-noites semi-fechadas
Lançam o seu perfume ténue e doce
À volta de vós.
E o fantasma, com vagos gestos,
Murmura estendendo-vos os braços:
Tu regressarás?
Oh! nunca mais perto do túmulo,
Quando, no seu manto negro,
A noite descer,
Eu irei a pálida pomba escutar,
Cantando sobre o cume do cipreste
O seu cântico plangente.
A Ilha Desconhecida [Barcarola]«Diz-me, jovem bela,
Que rumo tomar?
A vela abre a sua asa,
A brisa vai soprar!
O remo é de marfim,
A bandeira de seda prateada,
O leme de ouro puro.
Para lastro eu tenho uma laranja,
Para vela uma asa de anjo,
Para grumete um serafim.
Diz, jovem bela …
É para o Báltico?
Para o Oceano Pacífico?
Para a ilha de Java?
Ou para a Noruega,
Colher a flor de neve,
Ou a flor de Angsoka?
Diz, diz, jovem bela"
«Conduzi-me,», diz a jovem,
"À margem fiel
Onde o amor é eterno!"
"Esta margem, minha querida,
No país do amor
É desconhecida"
Que rumo tomar?
A brisa vai soprar!
Tradução – RDP – Maria de Nazaré Fonseca