Letra Original:
La Mort d'Ophélie (Ernest Legouvé)
Auprès d’un torrent Ophélie
Cueillait, tout en suivant le bord,
Dans sa douce et tendre folie,
Des pervenches, des boutons d’or,
Des iris aux couleurs d’opale,
Et de ces fleurs d’un rose pâle
Qu’on appelle des doigts de mort.
Puis, élevant sur ses mains blanches,
Les riants trésors du matin,
Elle les suspendait aux branches,
Aux branches d’un saule voisin.
Mais trop faible le rameau plie,
Se brise, et la pauvre Ophélie
Tombe, sa guirlande à la main.
Quelques instants sa robe enflée
La tint encor sur le courant,
Et, comme une voile gonflée,
Elle flottait toujours chantant,
Chantant quelque vieille ballade,
Chantant ainsi qu’une naïade,
Née au milieu de ce torrent.
Mais cette étrange mélodie
Passa, rapide comme un son.
Par les flots la robe alourdie
Bientôt dans l’abîme profond
Entraîna la pauvre insensée,
Laissant à peine commencée
Sa mélodieuse chanson.
Tradução para Português:
A morte de Ofélia (Ernest Legouvé)
Perto de um riacho, Ofélia
Colhia, seguindo a margem,
Na sua doce e terna loucura,
Pervincas, botões de ouro,
Lírios cor de opala,
E flores de um rosa pálido
A que se chama dedos de morto.
Depois, elevando nas suas brancas mãos
Os ridentes tesouros da manhã,
Ela os suspendia aos ramos,
Aos ramos de um salgueiro vizinho.
Mas demasiado fraco o ramo se dobra,
Quebra, e a pobre Ofélia
Cai, com a grinalda na mão.
Alguns instantes o seu vestido avolumado
A suporta ainda sobre a corrente
E, como uma vela desfraldada,
Ela flutuava sempre cantando,
Cantando alguma velha balada,
Cantando como uma náiade
Nascida no meio desta torrente.
Mas esta estranha melodia
Passou rápida como um som.
O vestido pesado pela água
Depressa no abismo profundo
A pobre insensata arrastou,
Deixando apenas começada
A sua melodiosa canção.