Letra Original:
Sara la baigneuse (Victor Hugo)
Sara, belle d’indolence,
Se balance,
Dans un hamac, au-dessus
Du bassin d’une fontaine
Toute pleine
D’eau puisée à l’Ilyssus.
Et la frêle escarpolette
Se reflète
Dans le transparent miroir,
Avec la baigneuse blanche
Qui se penche,
Qui se penche pour se voir.
Chaque fois que la nacelle
Qui chancelle,
Passe à fleur d’eau dans son vol,
On voit sur l’eau qui s’agite
Sorti vite
Son beau pied et son beau col.
Elle bat d’un pied timide
L’onde humide
Qui ride son clair tableau;
Du beau pied rougit l’albâtre;
La folâtre
Rit de la fraîcheur de l’eau.
Reste ici caché: demeure!
Dans une Heure,
D’un oeil ardent tu verras
Sortir du bain l’ingénue
Toute nue,
Croisant ses mains sur ses bras!
Car c’est un astre qui brille,
Qu’une fille
Qui sort du bain au flot clair,
Cherche s’il ne vient personne,
Et frissonne,
Toute mouillée au grand air!
Mais Sara la nonchalante
Est bien lente
A finir ses doux ébats;
Toujours elle se balance
En silence,
Et va murmurant tout bas:
"Oh! si j’étais capitane
Ou sultane,
Je prendrais des bains ambrés
Dans un bain de marbre jaune,
Près d’un trône,
Entre deux griffons dorés!
J’ aurais le hamac de soie
Qui se ploie
Sous le corps prêt à se pâmer;
J’aurais la molle ottomane
Dont émane
Un parfum qui fait aimer.
Je pourrais folâtrer nue,
Sous la nue,
Dans le ruisseau du jardin,
Sans craindre de voir dans l’ombre
Du bois sombre
Deux yeux s’allumer soudain.
Puis, je pourrais sans qu’on presse
Ma paresse,
Laisser avec mes habits
Traîner sur les larges dalles
Mes sandales
De drap brodé de rubis."
Ainsi se parle en princesse,
Et sans cesse
Se balance avec amour
La jeune fille rieuse,
Oublieuse
Des promptes ailes du jour.
Et cependant des campagnes
Ses compagnes
Prennent toutes le chemin.
Voici leur troupe frivole
Qui s’envole
En se tenant par la main.
Chacune, en chantant comme elle,
Passe et mêle
Ce reproche à sa chanson:
– Oh! la paresseuse fille
Qui s’habille
Si tard un jour de moisson!
Tradução para Português:
Sara, a banhista (Victor Hugo)
Sara bela na sua indolência,
Se balança
Numa rede, em cima
Do lago de uma fonte
Repleto
De água proveniente do Ilyssos.
E o frágil baloiço
Se reflecte
No espelho transparente,
Com a branca banhista,
Que se inclina,
Que se inclina para se ver.
Cada vez que o bote,
Que oscila,
Toca no seu vôo a superfície da água,
Vê-se sobre a água que se agita
Sair depressa
O seu belo pé e o seu belo pescoço.
Ela toca com um pé tímido
A onda húmida
Que ondula a sua clara superfície,
O alabastro do belo pé faz-se encarnado,
E divertida
Ela ri da frescura da água.
Fica aqui escondido: espera!
Dentro de uma hora,
Com olhos ardentes, tu verás
Sair do banho a ingénua
Toda nua,
Cruzando as mãos sobre os seus braços!
Semelhante a um astro que brilha,
Uma donzela
Saindo do banho de águas claras
Espreita se não vem ninguém
E tirita,
Toda molhada no ar fresco!
Mas Sara a indolente
É muito lenta
Em terminar o seu doce divertimento;
E balançando-se sempre
Em silêncio
Vai murmurando baixinho:
"Oh! se eu fosse capitão
Ou sultana,
Eu tomaria banhos ambreados
Numa tina de amarelo mármore,
Perto de um trono,
Entre dois grifos doirados!
Eu teria um rede de seda
Que se dobra
Sob um corpo prestes a desfalecer;
Eu teria uma macia otomana
Donde emana
Um perfume que faz amar.
Eu poderia divertir-me nua,
Sob as nuvens,
No riacho do jardim,
Sem temer ver na sombra
Do bosque sombrio
Dois olhos incendiarem-se de repente.
Então eu poderia, sem que fosse pressionada
A minha indolência,
Deixar com as minhas vestes
Espalhadas sobre as grandes lajes
As minhas sandálias
De pano bordado com rubis."
Assim fala como uma princesa
E sem cessar
Se balança com amor
A alegre donzela
Esquecida
Das rápidas asas do dia.
E entretanto dos campos
As suas companheiras
Tomam todas o caminho.
Eis o seu grupo frívolo
Que passa
De mão dada.
Cada uma, cantando como ela,
Passa e mistura
Esta censura à sua canção:
– Oh! a indolente donzela
Que tão tarde se veste
Em dia de colheita!