Letra Original:
De toutes flours
De toutes flours n’avoit et de tous fruis
En mon vergier fors une seule rose:
Gastes estoit li seurplus et destruis
Par Fortune qui durement s’oppose
Contre ceste doulce flour
Pour amatir sa coulour et s’odour.
Mais se cueillir la voy ou trebuchier,
Autre apres li jamais avoir ne quier.
Mais vraiement ymaginer ne puis
Que la vertus ou ma rose est enclose
Veigne par toy et tes faus conduis,
Eins est drois dons natures; si suppose
Que tu n’auras ja vigour
D’amanrir son pris et sa valour.
Lay la moy donc, qu’ailleurs en mon vergier
Autre apres li jamais avoir ne quier.
He! Fortune qui es gouffres et puis
Pour engloutir tout homme qui croire ose
Ta fausse loy, ou riens de biens ne truis
Ne de seur, trop est decevans chose.
Ton ris, ta joie, t’onnour
Ne sont que plour, tristesse et deshonnour.
Se ty faus tour font ma rose sechier
Autre apres li jamais avoir ne quier.
Tradução para Português:
De todas as flores
De todas as flores e todos os frutos não havia nenhuns
No meu pomar além de uma única rosa,
O resto foi partido e destruído
Pela Fortuna que duramente luta
Contra esta doce flor
Para diminuir a sua cor e perfume.
Mas se eu a vir colhida ou caída,
Eu nunca mais, depois dela, uma outra irei procurar.
Mas sinceramente eu não posso imaginar
Que a virtude que cerca a minha rosa
De ti e dos teus falsos actos provenha,
Antes é um natural dom; eu creio
Que nunca terás a força
De diminuir o seu preço e valor.
Deixa-a para mim então, porque algures no meu pomar
Eu nunca mais, depois dela, uma outra irei procurar.
Ah! Fortuna, tu que és um precipício e um buraco
Para engolir aquele que em ti ousa acreditar,
A tua falsa lei, em que eu nada encontro de bom
E nada de certo, é um engano;
O teu rir, a tua alegria, a tua honra
São apenas lágrimas, tristeza e desonra.
Se o teu falso jogo a minha rosa deixar secar,
Eu nunca mais, depois dela, uma outra irei procurar.